sábado, 18 de novembro de 2017

A vida, os mortos e caminhos tortos



Essa manhã me surpreendi com um post de Facebook que noticiava a criação, por um menino de 10 anos (!), de um dispositivo para impedir que crianças sejam esquecidas em carros.

Muito impressionante um garoto dessa idade ter iniciativa e habilidade pra criar algo assim. Seu nome é Bishop, ele mora no Texas e é filho de um engenheiro da Toyota.

O dispositivo, de nome Oasis, foi pensado para ficar acoplado ao banco traseiro dos automóveis e funciona soprando ar fresco no ambiente fechado.

À primeira vista, a gente tende a pensar: poxa, que bacana passar a existir algo assim!

À segunda vista, a gente indaga: o certo não seria pensar num dispositivo a ser não criado, mas resgatado das capacidades humanas desses pais? A matéria registra que nos Estados Unidos morrem anualmente 37 crianças pelo fato de elas terem sido esquecidas por seus pais no interior de veículos fechados. E existe até uma organização chamada Kids and cars, dedicada a monitorar e evitar essas mortes.

À terceira vista, a gente se preocupa: os jovens estão cada vez mais entrosados com a ideia de que dispositivos podem ser sempre criados para solucionar os problemas que surgem. Produtos, aplicativos, coisas para fazer as coisas por nós. Eles nasceram e crescem sob essa mentalidade. Caminhos tortos ...

Esse menino merece toda a admiração, por se deter em um projeto com finalidade tão vital, e a indústria automobilística deve providenciar logo a adoção do Oasis, como item de segurança de seus produtos, pois além de crianças, eu já soube de casos de idosos deixados tempo demais dentro de carros fechados (meu pai estacionou em frente ao banco, minha mãe ficou no banco do carona, ao tirar a chave da ignição ele desligou o ar-refrigerado e, por costume, ao sair do carro trancou as portas. Foi brabo pra ela ...).

Mas parece haver urgência urgentíssima, isto sim, de as pessoas recuperarem sua atenção para as coisas que mais verdadeiramente importam na vida, deixando para o segundo plano a correria e priorizando conscientemente aquilo que exige responsabilidade e cuidado.

Esse dispositivo existe e está dentro de cada um de nós.

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