terça-feira, 24 de junho de 2014

Amigos antes virtuais, agora presenciais

Vou conhecendo muita gente que se dedica à luta pela amamentação e assuntos afins, ligados à infância, que tanto precisa ser pensada, vivida e em tantos pontos revolucionada.

São contatos que fervilham pelo computador, gente que a gente admira, cita, com quem compartilha preocupações, de quem ouve falar super bem do trabalho. Mas a quem não conhecemos assim, cara a cara.

Daí eis que surgem às vezes oportunidades de encontrar essas pessoas.

O gozado é que o encontro é diferente. É um tipo de reencontro porque, na vida corrente, quando a gente vê pessoas pela primeira vez, não sabemos nada sobre elas. Mas dos amigos virtuais sabemos muito, já trocamos mensagens, discutimos assuntos, nos lemos, nos acompanhamos, enfim.

Eu acho chatíssimo essa coisa de ficar tirando fotos sempre, mas me dei conta de que já tenho uma coleção de imagens muito legais dos encontros que tive com esses amigos ex-virtuais, hoje presenciais. Daí, pra divertir um pouco, faço aqui meu álbum:

Foi Maria Inês Couto de Oliveira quem me recomendou o site Aleitamento.com, de Marcus Renato, pediatra. Eu bebi naquele site durante toda a minha pesquisa de doutorado. Deparei com Marcus pela primeira vez no ENAM de Santos, assim, rapidinho. Daí pra frente, acho que já perdi a conta das coisas que fizemos juntos, dos pedaços alegres e difíceis que já compartilhamos, da colaboração toda que hoje caracteriza nossa amizade. Na imagem, uma participação em parceria em evento de laboratório de Marketing, na UFRJ.

 
 
 
Foi Marcus quem me passou o contato do Dr. Hector Martinez, um dos criadores do Método Mãe-Canguru. Eu iria a Bogotá e pedi assim, a esmo: alguém o conhece aê? Marcus fez a ponte toda e foi um encontro daqueles, pra lembrar a vida inteira :o)
 
 
 
Dr. Hector ficava dizendo o tempo todo que eu tinha que conhecer o Dr. Luis Tavares. E o conheci em evento para o qual fui chamada por Marcus. Mas ali nos ocupamos mesmo foi em conversar, nem tiramos fotos e prossigo acompanhando sua intensa e apaixonante produção em prol dos prematuros e de tantas coisas mais. Ele fez a primeira resenha do meu livro, que me arrepia só de lembrar. E há de ter sido por intermédio de Luis, que mora em Campos dos Goytacazes, que comecei a me relacionar com Margareth Wekid, fisioterapeuta atuante na cidade no apoio à amamentação. Tomamos uns chopps ótimos na Cobal do Humaitá, há pouco tempo atrás.
 
 
 
Marisa Silveira eu conheci por aqui, pelo blog. Um dia eu fiz um post sobre fraldas descartáveis, ela comentou, trocamos figurinhas e numa de suas vindas ao Brasil (ela é brasileira, mas mora em Washington), nos conhecemos. Desde então acho que não perdemos chances de nos ver, e assim acompanho o crescimento de seu filhote Eduardo. Reciprocamente acompanhamos também o nosso crescimento. Ela lançou o blog ecomaternidade.com.br, pra lá de bacana.
 
 
 
Fã do Bebé Gluton, a primeira boneca industrial que mama no peito, me correspondi com Cesar Bernabeu durante quase um ano, até que nos conhecemos em uma visita que fiz com meu marido à fábrica de bonecas Berjuan, em Onil, Espanha. Uma ousadia deles. Um sonho pra mim!
 
 
 
 
E isso vai ficando com um jeito de coluna social... mas a gente pode se permitir brincar um pouco, né?
 
Daí, pra lançar o livro em São Paulo eu recorri a Ana Basaglia - a quem eu conhecia pessoalmente desde aquele ENAM. Ela e Fabíola Cassab (a quem eu só conhecia pelo FB), agitaram tudo por lá e fiquei muito impressionada na ocasião ao pensar no quanto podemos realizar quando estamos em rede... :o) Depois participei de uma reunião maravilhosa na Matrice, grupo de apoio às mães que elas cuidam há anos. Na foto aparecem Rosana de Divitiis, responsável pela eloquente apresentação de meu livro, seu marido e filha, Ana, eu, Therezinha Mucheroni (odontologista amiga de Bauru, com quem já troquei mil e uma correspondências e que me deu a grande alegria de aparecer com toda a família naquela noite), Dr. Cacá (pediatra Carlos Eduardo Correa), a quem conheci ali, assim como a  Flávia Gontijo e seus filhos, e Fabíola Cassab! Tudo bacana "às pampas". E foi lá também que avistei Caroline, a minha co-editora, a quem ainda não conhecia, apesar de termos trocado muitos e muitos e-mails antes da publicação do livro, e a quem devo o fato de ele ter sido efetivamente publicado, pois a editora PUC só trabalha em co-edição.
 
 
 
 
No dia seguinte ao lançamento, consegui conhecer Simone De Carvalho. Desde o início do blog, em 2010, ela se tornou uma colaboradora incrível, sempre me enviando coisas que encontrava e que poderiam me interessar. Nos esquecemos de fotografar a ocasião, mas no lançamento de seu livro aqui no Rio tivemos a chance, junto a Marcus também.
 
 
 
 
Fora as outras tantas pessoas dessa área que conheci presencialmente e que, cada uma a seu modo, me enriquecem. Sei que no meio da vida atribulada de cada um, todos arranjam tempo, coragem e energia pra lutar por essa grande causa.
 
Mas tive a ideia desse post no domingo, quando vi Ligia Moreiras Sena -a quem também conhecia pelo computador desde os preparativos para minha ida a Sampa- no lançamento de seu livro "Educar sem violência", no Rio, escrito em parceria com Andréia Mortensen. Não tenho fotos desse encontro pra colocar aqui, mas foi tão legal que ficou na memória :o)
 
E agora chega de brincar!
 

domingo, 15 de junho de 2014

Não tem desculpa



Toda vez que entro em uma farmácia, me dirijo à seção de produtos para bebês.

Desta vez eu viajava. Estava em Barcelona e deparei com esta mamadeira italiana.

Intuition. Intuição.

À frente, uma bela e singela ilustração de um bebê sendo amamentado.

Existe uma norma internacional que proíbe o uso de imagens desse tipo para produtos que tenham por finalidade incentivar a administração de leites artificiais e o desmame. No entanto, não faltam exemplos de violação dessas regras por aí. E reparem bem no nome do produto: Intuition. Nem é preciso comentar, né?

Como designer, o que mais me espanta é que profissionais projetaram essa mamadeira, a decoraram, e conceberam essa embalagem, apesar de existir leis que proíbem isso tudo, calcadas em diretrizes da OMS.

Não tem desculpa você trabalhar sem saber sobre aquilo que faz. Não tem desculpa você até saber sobre aquilo que faz e, mesmo assim, entrar na onda de que não compete a você a responsabilidade sobre aquele produto.

Aos poucos vou me conscientizando da necessidade de regulamentação da profissão do designer. Confesso que tardei a me dar conta da importância da iniciativa... Mas, sinceramente, penso que um designer que se presta a trabalhos como esse (talvez tenha sido desenvolvido por publicitários...), está pedindo que sua licença profissional seja suspensa.

Radical? Não... informação é um dos pilares dessa profissão.

sábado, 7 de junho de 2014

Do que estamos falando

Quando passei pela qualificação, no doutorado, procurei por meu orientador e lhe confessei que os conselhos que recebi da banca que me avaliou, apesar de valiosos, não correspondiam àquilo que eu desejava realmente fazer com a sequência de minha pesquisa sobre a questão das mamadeiras. Ele me ouviu, e como de costume respeitou minha inquietação. Mas julgou que não seria ele a pessoa mais indicada para dizer algo de realmente útil naquele momento, que havia outra pessoa - a quem eu nunca antes houvera recorrido - capaz de me orientar rumo a uma real diretriz.

Marquei com ela. Não a conhecia. Desfiei o meu rosário, finalizando com a afirmação de que o que eu havia descoberto era que o seio materno e o leite humano eram a melhor maneira de alimentar bebês.

Eu achava que isso poderia ser a minha tese, devolver ao seio aquilo que a mamadeira lhe havia roubado: o crédito e o respeito.

O que se deu a partir de então é irrelevante para o que desejo dizer agora. Basta relatar que ela me sinalizou que esta não seria uma tese, uma tese de Design, e iluminou outros momentos da minha fala que traziam, de forma eloquente, a minha tese: a necessidade de avaliar a produção industrial, da qual a mamadeira é um exemplo.

Mas o que desejo falar é que o título deste blog, Mamadeira nunca mais, e o discurso dos defensores da amamentação contra as incursões da indústria, não é uma radicalidade. Porta, sim, uma indignação com o estado atual das coisas - a cultura da mamadeira, mas deriva do estudo aprofundado do assunto, da vivência ou observação intensiva de casos.

Eu costumo dizer que não consigo fazer apresentações rápidas do meu trabalho. Antes de dar o meu recado sobre os males provocados pela mamadeira, tenho que percorrer o histórico da alimentação infantil, as medidas tomadas pelos órgãos oficiais a partir das evidências médicas e sociais que surgiram. E quando, só então, faço a análise dos impactos da mamadeira e desvelo a falácia do discurso promocional desse produto, aí sim consigo chegar nas pessoas que me assistem. Consistentemente.

Um dia desses vi no Facebook um artigo em que algumas mães argumentavam sofrer pressão de defensores da amamentação, defendendo o seu direito de decidir livremente pelo modo com que alimentariam seus filhos, levando em conta suas questões particulares e dizendo que o discurso em prol da amamentação é radical. Como sou "gato escaldado", suspeitei fortemente que a matéria seja um estratagema da indústria, como tantas outras suas produções que se utilizam de apoios às avessas como: "a empresa tal sabe que não há ninguém mais expert em leites do que as mães e, veja você, elas recomendam o nosso".

Bom, o que posso dizer é que aqueles que defendem as benesses da amamentação não se utilizam de estratagemas, que não há interesse econômico por trás de suas palavras, ou qualquer recurso subliminar para a condução psicológica daqueles que os ouvem.

Há estudo. Há observação, vivência e evidências.

E há respeito, coisa que não há nem de longe nas propagandas nas quais nos acostumamos culturalmente a acreditar.