segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Mamadeiras: alguns esclarecimentos fornecidos em entrevista

Logo que defendi minha tese, em 2010, dei algumas entrevistas já divulgadas aqui no blog.

A que disponibilizo a seguir foi dada ao Portal da PUC-Rio, mas não entrou na programação.

Pedi os arquivos e só agora eles foram devidamente formatados para entrar no ar.


sábado, 24 de setembro de 2011

Um cordel arretado de bom

Em 1983, a secretaria de Estado de Saúde e Higiene do RJ publicou o cordel "Na luta contra as doenças das crianças, a vitória da saúde é a melhor atitude", de P.T. Souza.

Quando entrevistei Maria Inês Couto de Oliveira, logo no início de minhas pesquisas para a tese, ema me presenteou com um exemplar. Vale a pena a leitura!


Vinde musa inspiradora
Com vossas grandezas mil
Refresacar minha mente
Que se encontra tão febril
Para que fique sadia
E eu verseje em poesia
Sobre saúde infantil

As fábricas de ataúde
Faturam constantemente
Com a mortandade infantil
Que existe diariamente
Vamos lutar contra isso
Assumindo o compromisso
Em favor do inocente

Mesmo sendo um pai carente
Sem afeto e sem razão
Não deixe seu filho inocente
Entregue à solidão
E você mãe oprimida
Que deu à luz deu a vida
Cumpra sua destinação

Cuide da alimentação
Com o seu leite sagrado
Jamais dê a um pagão
Produto industrializado
Leite Materno é vigor,
Sadio e protetor
Não é um leite forjado

Anote em vosso caderno
O conselho que estou dando
Verá que tem argumento
O que estou propagando
Leite Materno é pureza
Orgulho da natureza
Não é um leite nefando

Aleitamento materno
Traz prazer, traz alegria
Combate as infecções
Evita a desinteria
Criança amamentada
Fica robusta, corada
Cheia de vida e sadia

...

Maternidades e creches
Também são de precisão
Para a saude completa
Do inocente pagão
Um bebê recém-chegado
Tem que ser amamentado
Seis meses com precisão

...

Louvo aos profissionais
Que lutam pela saúde
Jesus derrame em seus lares
Amor, carinho, virtude
Estes verdadeiros mastros
Representam mais que os astros
Do cinema em Roliúde

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Mamadeira e obesidade

Muitas são as vantagens da amamentação, tanto para o bebê quanto para a mãe. Paulo Roberto Alves Lopes, no artigo “As Vantagens da Amamentação. Por que Amamentar?” enumera as vantagens nutricionais, as propriedades do colostro, vantagens imunológicas contra infecções e alergias, neuromotoras e cognitivas, psicoemocionais, ortodônticas e dentais para o bebê, além das seguintes benesses para a mãe: espaçamento entre as gestações, prevenção das hemorragias pós-parto, involução do útero às dimensões normais, prevenção de anemias, proteção contra o câncer ginecológico, depressão pós-parto. O autor cita o médico uruguaio Luis Morquio com a frase “bebês que mamam no peito quase nunca adoecem. Quando adoecem, quase nunca morrem”, e destaca que “o leite materno é o modelo de alimento perfeito que todos os produtos industrializados procuram imitar, sem possibilidade de êxito” (Lopes in Rego, 2002, p. 5-21).




A obesidade figura entre os problemas provocados pelo desmame e pela consequente administração de fórmulas infantis a bebês. Enfermidade ignorada até pouco tempo pelas ações nacionais e internacionais de saúde, em 1997 a obesidade foi considerada uma doença em desenvolvimento alarmante, o que foi reconhecido pela OMS — que instituiu, nesse ano, o Dia Mundial de Combate à Obesidade .
Pesquisadores norte-americanos e brasileiros publicaram em 2008 estudos demonstrativos de que o contato do bebê com a alimentação artificial em seus primeiros dias de vida cria condições favoráveis para que, ao crescer, ele se torne obeso . Segundo o pediatra Fábio Ancona, da Unifesp, “quando a criança é amamentada, recebe a quantidade de calorias que o organismo dela precisa – não a que a mãe ‘acha que ela precisa’” e isso é “essencial para a regulação do metabolismo do bebê. O corpo aprende o quanto de energia precisa absorver para dar conta dos seus gastos”, enquanto que, ao consumir calorias além do necessário, estas se armazenam no organismo em forma de gordura . Nicolas Stettler, autor líder da pesquisa norte-americana, identificou a existência de “um período crítico na primeira semana de vida, em que a fisiologia do organismo pode ser programada para o desenvolvimento de doenças ao longo da vida”.

Vale notar que é um grande equívoco acreditar que o leite de vaca é mais forte do que o humano pelo fato de a criança amamentada sentir fome em intervalos menores.
...o leite materno, por ser um alimento perfeitamente adequado às necessidades do bebê, é digerido com mais facilidade e rapidez do que o leite artificial. Por esta razão, é mais comum o bebê alimentado por mamadeira fazer intervalos maiores entre as mamadeiras, pois a digestão se faz mais lentamente devido à maior quantidade de resíduos. (Maldonado apud Araújo, 1997, p. 123)