domingo, 31 de janeiro de 2016

CineMaterna, Viva!



Finalmente realizei o desejo de ir a uma sessão do CineMaterna! E, pra quem ainda não conhece esse lindo projeto, vou relatar minhas (excelentes) impressões.

Desde 2009 tenho notícia, sabendo ser uma ocasião para mães e pais curtirem um filme no cinema sem qualquer tipo de preocupação quanto ao choro de seu bebê, a necessidade de amamentá-lo etc., já que todo o público da sessão vive a mesma situação. E super simpatizei com a ideia, pois passei a levar minha filha ao cinema aos seis meses (eu é que não iria ficar em casa com ela e perder a chance de acompanhar meu marido e meus enteados ao programa). Se ela se assustava com a bruxa da Pequena Sereia, eu saía de mansinho e dava um tempo no hall, mas na maioria das vezes ela demonstrava atenção e interesse como qualquer membro da criançada que compunha o público (o interessante é que Adélia se formou em Cinema e atua como roteirista :o).

Mas vamos àquilo que eu presenciei ontem (fotos que encontrei na internet).


Foi no cinema da Praia de Botafogo (Rio de Janeiro), às 11:00 da manhã:
É importante esse horário diferenciado, que livra o público do movimento de gente e libera o espaço da ante-sala para o estacionamento dos carrinhos de bebê.

Os frequentadores escolhem pelo site o filme que querem ver:
Dessa vez foi Joy, que está até concorrendo ao Oscar. Eu achei chatinho, chatinho, mas isso nem vem ao caso...




Infra
Aos pés da tela, tem um trocador (patrocinado) com fraldas e demais apetrechos para a tarefa. E também um tapete grandinho com brinquedos, visando oferecer uma opção àquelas crianças que estiverem animadas, querendo fazer outra coisa. Além disso, a pessoa responsável checa com o público se a temperatura do ar-refrigerado está adequada, assim como o volume do som (tudo mais baixo do que o normal). E o filme transcorre com uma luz baixinha no ambiente.


Bom, as pessoas foram chegando bem devagar, muitos com atraso (normal, né?), mas o cinema ficou lotado. Aquele zum-zum-zum de chorinho, conversas de bebês com seus pais, flashes das pessoas fazendo selfies, e começa o filme.

Olha, muito, muito legal.

Tudo se movimenta porque os pais fazem fila pro trocador, uma criança resolve escalar a escada (escoltada pelo pai) e vir conversar com você, mães se levantam e ficam "dançando" pra distrair ou ninar seus rebentos, uma alta atividade rola lá no tapetinho. E tudo na paz. A galera amamentando direto (só vi uma mamadeira), sinal de que as pessoas estão muito bem informadas. Muitos pais presentes, outro bom sinal. Muitos bebês, muitos bebês, muitos bebês!

Foi uma grande experiência. Constatar que as coisas estão mudando e, mais do que isso, que há toda a possibilidades de elas mudarem.



Um projeto sério, delicado, adequado, que perdura.

Parabéns CineMaterna!






quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Nós, o bebês e o mundo



1. No domingo (17 jan), assisti ao programa Sem Fronteiras, da Globo News, sobre a captura de El Chapo, o barão mexicano do tráfico de drogas. Respondendo às perguntas do jornalista Jorge Pontual, um entrevistado informava que cerca de 400 mil empregos diretos -e no total mais de 1 milhão deles, indiretos- são gerados pela atividade do cartel chefiado por El Chapo. Fiquei pensando na quantidade de gente que vive e sustenta suas famílias exercendo esse tipo de atividade...


2. Poucos dias antes soubemos da indicação do longa-metragem de animação brasileiro O menino e o mundo, de Alê Abreu, ao Oscar de Melhor Filme de Animação Estrangeiro. Vejamos a sinopse do filme, publicada no AdoroCinema:

Um garoto mora com o pai e a mãe, em uma pequena casa no campo. Diante da falta de trabalho, no entanto, o pai abandona o lar e parte para a cidade grande. Triste e desnorteado, o menino faz as malas, pega o trem e vai descobrir o novo mundo em que seu pai mora. Para a sua surpresa, a criança encontra uma sociedade marcada pela pobreza, exploração de trabalhadores e falta de perspectivas.


3. Pelo último número da Revista do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), em matéria sobre a regulamentação da NBCAL (lei brasileira que regulamenta a comercialização  de produtos que concorram com o leite materno), fico sabendo que o filme Tigers, de Emraan Hashimi, foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2015. Cito trecho da sinopse publicada: 

Baseado em fatos reais, o filme Tigers conta a história de Ayan, um paquistanês que consegue emprego na Nestlé para vender fórmulas artificiais que substituem o leite materno. Ele fica maravilhado com os benefícios que a empresa oferece, mas seu encantamento vai por água abaixo ao descobrir os problemas de saúde que o produto que promove causa em bebês: desnutrição, diarreia e mortes (Ana Paula Bortoletto, nutricionista e pesquisadora do Idec).


4. Daí me lembro da manchete principal do jornal Empregos & Estágios, com a qual deparo a cada vez que saio de casa, exposta com destaque do lado de fora da banca de jornais aqui do lado. Fiquei pensando na quantidade de gente que se animou com a oportunidade:




5. Então recebo pelo Facebook um link para matéria do Dr. Karleen Griblle, divulgada pelo site anthrolactology.com, que enumera motivos que levam mães que amamentam a deixar de fazê-lo em situações de emergência, diante das doações de fórmulas lácteas e mamadeiras que lhes é disponibilizada. Fiquei especialmente impactada com a informação de que é uma aspiração dessas mães oferecer aos seus filhos a fórmula e a mamadeira, produtos associados a status elevado e recomendados pela publicidade. Ao saberem que as organizações de ajuda os estão distribuindo, aproveitam a chance de usufruir de algo que não seriam capazes de obter por conta própria. 

6. Pelo Facebook, também (e felizmente), tomo conhecimento do lançamento da Caderneta da Criança - Passaporte da Cidadania, lançada dias atrás pelo Ministério da Saúde. A ideia é que ela seja distribuída a todas as famílias de bebês nascidos na rede pública de saúde. E lá está dito muito do que sabemos sobre a importância da amamentação e os males provocados por seus substitutivos.  


7. Por fim, volta e meia dou de cara com o anúncio do Leite Ninho em Pó Zero Lactose nos intervalos comerciais da TV. Essa coisa emocional, comovente, angaria consumidores confiantes...




As coisas são assim. São como são.

Pra gente, resta decidir o que fazer, como fazer. 


Acho que informação é essencial pra ajudar nessa tarefa. E também o senso de futuro.


Particularmente, confesso que meus dois neurônios -o Tico e o Teco- têm se esforçado muito pra dar conta de um barulho desses.