domingo, 21 de abril de 2013

Sutiãs para amamentação: aprendendo a projetar


 






Desde que defendi minha tese, venho recebendo alunos que pretendem tratar do tema "alimentação infantil" em seus projetos. Quem os encaminha são os professores ou mesmo colegas que assistiram às apresentações periódicas que faço na PUC sobre o trabalho. De conversas informais, acabo acompanhando os projetos, mesmo que de longe. E me encanto com alguns resultados, assim como aconteceu com o plicativo Aleitamento para IPhone, tantas vezes comentado aqui e hoje disponível gratuitamente na Apple Store.

Neste post apresento o projeto de Bruna Lima, Nathália de Morais e Bárbara Mendes para a disciplina "Projeto 6", ministrada pelos professores Nathália Sá e Daniel Malaguti.

O tema proposto a toda a turma foi "Nutrição e Saúde Infantil", e as meninas focaram seu interesse na seguinte indagação: Por quê as mulheres tantas vezes optam por não amamentar seus filhos?

Vale esclarecer aqui, de início, que esses trabalhos têm como primeira e principal finalidade o ensino do design, e não a geração de produtos acabados para o mercado. É um processo de aproximação do problema, de geração de alternativas de solução, desenvolvimento da alternativa considerada mais promissora, experimentação de protótipos junto ao público a que se destina aquele produto e acabamento final.

Então elas entrevistaram casais com filhos e casais "grávidos", ouvindo também a experiência de pessoas de várias idades.

Aqui, passo a palavra às meninas:


Muitas mães entrevistadas afirmam que tiveram problemas, enquanto amamentavam, no que diz respeito à inibição e exposição do seio. Ao mesmo tempo, muitas reclamaram da falta de opção e funcionalidade de um vestuário adequado para amamentação. Além de serem muito genéricas para atingir um maior público, as ofertas deste tipo de produto são limitadas e de alto custo, são pouco convidativas, mas acabam sendo a única opção devido à sua necessidade.

Identificamos como oportunidade o desenvolvimento de recursos que auxiliem nas pequenas questões comportamentais que o ato de amamentar necessita, como facilidades no vestuário, ou no apoio correto da criança, entre outros. O foco é solucionar alguns dos motivos revelados pelas mães, como vergonha, comodismo, ausência de facilitadores e outros.

Outra questão seria abordar a auto-estima materna. O pós-parto é um período de muita insegurança, mudança – física e psicológica – e responsabilidade para mulher, em que esta necessita do apoio e, principalmente, admiração do parceiro. Através das entrevistas e pesquisas lidas, observou-se que o período de amamentação acaba distanciando a mãe de seus parceiros, o que muitas vezes acaba reduzindo e prejudicando esse período. Este fato pode ser solucionado com a criação de recursos que façam com que a mulher, mesmo amamentando, e no pós parto, se sinta estimulada, vaidosa e admirada.




Como resultado, uma linha de sutiãs para a amamentação.

No primeiro, o recurso de fechamento normalmente encontrado em fronhas, quando uma parte transpassa a outra para o fechamento da peça. No sutiã, o bebê pode mamar sem que o seio materno fique muito exposto:




No segundo modelo, o recurso "cortininha", muito comum em biquines e de manuseio facilitado para a amamentação:


O último modelo gerado tem o recurso da abertura frontal, possibilitando uma forma elaborada do produto nas costas. Vale dizer que as deusas gregas inspiraram a configuração final dos produtos:


O cetim é bonito, mas muito escorregadio..., mas considero as soluções muito inteligentes, e delego isso à simplicidade, à atenção que o grupo demonstrou às coisas do cotidiano.

A verdade é que as soluções existem e os designers são profissionais que se parecem com extra-terrestres: têm um monte de antenas na cabeça, mesmo que invisíveis. Basta que as direcionem com muita pesquisa e seriedade para contribuir com as pessoas, provendo-lhes segurança e proteção, sem comprometer a necessidade de invenção e inovação, como disse Paola Antonelli (curadora de design do MOMA).

Parabéns às meninas e tudo de bom para as lindas modelos Sophia e Nina Leipner!


sábado, 20 de abril de 2013

Uma inteligente opção às fraldas descartáveis

Recebi uma contribuição muito legal de uma leitora, a Marisa, sobre aquele problema das fraldas descartáveis, que motivou post anterior.
 
Fizemos contato e ela me enviou a mensagem que reproduzo abaixo e demonstra que nos Estados Unidos, onde ela mora, existem recursos fartos e de alta qualidade no quesito FRALDAS DE PANO.
 
São modernas, têm projetos bem resolvidos e lindos!
 
Siga os links que ilustram o texto:
 
 
 
 
Aqui vai um link com fotos da tal fralda que já vem dobrada e costurada para facilitar o uso. É chamada de 'prefold' em inglês.
 

Há várias maneiras de colocar a fralda prefold no bebê. Nós usamos esses fechos de plástico com três pontas. As pontas têm uns dentes que são inseridos no algodão.
 
Quanto às capas, as marcas que mais gostamos (mas isso depende muito do corpo do bebê, da grossura das pernas, etc) são as seguintes:
 
 

De maneira geral, as capas têm botão ou velcro. Com velcro é bem mais fácil de fechar, mas bebês maiores conseguem abrir. E o velcro dura bem menos que o botão.
 
Quando saímos, usamos uma fralda que é uma peça só. A parte de algodão já vem costurada na capa. É super prática. A troca é igual a uma fralda descartável. Mas cada fralda custa mais de $20 e demora muito para secar. Tem muita gente que usa esse tipo de fralda, chamado all-in-one o tempo todo, pq realmente é mais fácil. Mas é também muito mais caro, tanto o investimento inicial quanto o gasto com eletricidade para secar. A marca que mais gostamos é essa:
 
http://www.BlueberryDiapers.com/Home/Bulk-Ordering/Snap-AIO-Cloth-Diapers_8. Quando vamos ficar muito tempo na rua, usamos fralda descartável mais ecológica, pois as fraldas de pano ocupam um espaço enorme na bolsa e fica meio impraticável.

Tenho que ir agora, então depois explico melhor, mas experimentamos vários modelos e marcas quando o Eduardo era recém-nascido. Nós alugamos um pacote de uma loja que serve justamente para isso: os pais podem experimentar várias coisas durante as primeiras semanas de vida do bebê; assim se sentem mais confiantes na hora de investir uma grana para comprar as próprias fraldas.
 
 
 
E no Brasil, tem  www.moradadafloresta.org.br
 
Muito obrigada, Marisa.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Alternativa aos absorventes higiênicos descartáveis


Recebi alguns comentários sobre o post anterior, referentes aos absorventes higiênicos descartáveis.

Agradeço pela dica e coloco aqui alguns filmes que selecionei no Youtube sobre esse produto, que parece realmente ser excelente e reaproveitável.

Os depoimentos que recebi, relataram extremo conforto e adaptação tranquila ao processo.

Que bom detectar a existência e o hábito de consumo de produtos assim!

sábado, 13 de abril de 2013

O que será que será?



Uma amiga muito atuante no trabalho de defesa da prática da amamentação, Ana Basaglia, fotografou este quiosque da empresa Fom em um shopping paulistano, decorado com a imagem de uma mãe dando mamadeira a seu bebê com o auxílio de uma almofada, concebida para servir de apoio à mãe que amamenta.

Ela publicou a imagem no Facebook e também enviou mensagem diretamente à empresa, defendendo a ideia de que a mãe deveria estar amamentando a criança, e não lhe administrando leite (fórmula láctea) por mamadeira pois, diante de todas as evidências científicas (OMS) e normas internacionais, o incentivo ao uso de mamadeiras constitui um desserviço à segurança alimentar infantil.

Concordo em gênero, número e grau com Ana, e com todos os comentários ao seu post.

Concordo e fico pensando, mais uma vez, no quanto a cultura industrial está nos transformando, porque se a mãe estivesse amamentando a criança, tal imagem poderia não ser tão bem aceita por todos. Para muito grande parte das pessoas, a mamadeira é mais "normal" do que um seio exposto, por mais louco que isso seja. Inúmeras ocorrências de censura à amamentação em lugares públicos acontecem, e sei de algumas no Brasil e nos Estados Unidos, já comentadas em posts anteriores.

E é daí que vem o pensamento que tive pra escrever aqui, agora, sobre isso.

Há alguns anos percebo, ao andar nas ruas do Rio de Janeiro, que muitas crianças grandes são conduzidas por seus pais e responsáveis em carrinhos de bebê. Elas já sabem andar e, por vezes suas pernas fazem um ângulo claramente desconfortável no carrinho, de tão crescidas que são.

Ao comentar o fato no Facebook, recebi o comentário de que o carrinho pode ser muito útil para distâncias médias e grandes, facilitando a vida das crianças e dos adultos que os conduzem. Fiquei com isso num canto da cabeça, mas pensei: isso começou agora, é um fenômeno.

Até que, em março de 2012, em visita a Nova Iorque, constatei que isso acontece direto por lá. Não é vez que outra, mas praticamente sempre.

Então vamos pra outro item infantil: as fraldas descartáveis.

Foi nos anos de 1980 que elas surgiram por aqui. Em 1989, quando minha filha nasceu, eram muito caras e apenas recorri a elas em ocasiões muito especiais, como passeios. Me virei muitíssimo bem com as fraldas de pano e a máquina de lavar roupa. Se tive que lidar com cocôs e xixis? Claro. E quando minha filha começou a falar com mais destreza, perto dos 18 meses, tiramos a fralda e pelejamos - como todos os mortais - pra ela adquirir o contrôle e pedir pra ir ao banheiro. Nessa foram muitos xixis no sofá da sala, no colchão etc.

Agora, quero que me acompanhem numa conta que costumo fazer com meus alunos:

- um bebê utiliza cerca 6 fraldas por dia (estou fazendo a conta muito por baixo, ok?)
- em um ano serão 2.190 fraldas

Mas como as fraldas descartáveis são muito práticas e de alguma forma eximem as pessoas de lidar com os excrementos das crianças (permanece sendo necessário limpar os bebês, mas a lida com a coisa em si na fralda acaba eliminada), tornou-se hábito mantê-los com o produto até os 2 ou 3 anos. Mas vamos dizer que por dois anos:

- 2.190 x 2 = 4.380 fraldas

Então a criança cresceu e apenas dormirá com o produto por mais um ano:

- 4.380 + 365 = 4.745 fraldas

Mas se for menina, lá pelos 12 anos iniciará sua vida fértil, consumindo 10 absorventes higiênicos descartáveis por mês, no decorrer de ... 38 anos (imaginando que a menopausa chegará aos 50 anos):

- 10 absorventes x 1 ano = 120 absorventes x 38 anos = 4.560 absorventes.

Agora imaginem esse lixo todo aí em suas casas.

Na turma eu digo assim: vamos multiplicar esse lixo todo pelo número de alunos e colocar aqui, dentro dessa sala. Cabe?

Eles têm carca de 20, 23 anos. Muitos deles ainda foram criados com fraldas de pano. Mas na cabeça das pessoas, hoje, é inconcebível abrir mão da fralda descartável.

Mas não pode ser, pelo amor de Deus, não pode.

A produção industrial está nos escravizando silenciosamente. Estamos reféns do consumo de produtos. Temos o melhor alimento para alimentar nossos filhos em nosso próprio corpo; antes do fenômeno contemporâneo do carrinho, as crianças da face da terra, quando cansavam de andar médias distâncias, paravam um pouquinho ou podiam contar com um trecho de colo de seus responsáveis; todas as crianças da face da terra usaram fraldas de pano até que a descartável surgisse e se tornasse financeiramente acessível.

Quanto aos absorventes higiênicos? Até surgir o descartável, todo mundo usou toalhinha higiênica. Desconfortável? Muito: passei uns bons 5 anos de minha vida fértil tendo que recorrer a eles por falta de opção. Se eu adotei os absorventes reaproveitáveis quando eles surgiram, mais bem desenhados, quando estava na fase adulta e tomei consciência do quanto seriam muito mais adequados que os descartáveis? Não, não os adotei. Porque não estou me eximindo do fato de ser parte integrante dessa cultura. Mas adquiri informação pra saber, por exemplo, que se eles não fossem tão branquinhos (branqueador químico que polui os rios e as águas em geral), teriam menos impacto sobre o meio ambiente.

Putz, é difícil, mas refletir sobre isso tem que fazer parte de nossas agendas. Porque, se não, o que será do futuro desses bebezinhos lindos que colocamos no mundo?




sábado, 6 de abril de 2013

Há sempre uma multidão por detrás do nome do autor de um livro





O livro está no prelo. Vai se chamar "Amamentação e o desdesign da mamadeira, por uma avaliação da produção industrial".

O projeto gráfico está lindo, obra de Pedro Palmier.
A capa está maneiríssima, em fase de aprovação na editora, concebida por Fernando Carvalho.
Vera Bernardes orquestrou tudo.

Mas ...

Tive que realizar muitas mudanças no texto. Atualizei, reordenei e tive que suprimir algumas partes, dentre elas os agradecimentos que - originariamente- eram enormes e vinham ao final dos volumes da tese.

Deixei lá no livro um agradecimento simples e abrangente, mas quero publicar aqui, com todas as letras, o texto que escrevi para dar crédito àqueles que me cercaram de incentivo durante o trabalho.

Muito obrigada.
Agradecimentos

Esta pesquisa não poderia ter sido realizada sem que fossem percorridas trilhas desconhecidas. Fui me amparando no revezamento de mãos de amigos, autores, professores, profissionais e notícias que encontrava pelo caminho, assim como um passageiro se desloca no interior de um ônibus veloz, contra o sentido do movimento, segurando nas alças dos bancos.

Inicio os agradecimentos citando Selene Afonso, que lá no comecinho disso tudo me apresentou às pessoas do Banco de Leite e seguiu intermediando novos encontros e me incentivando muito, sempre. Uma nova grande amizade.

Quando me encontrei com João Aprígio no IFF, eu nem desconfiava que a pesquisa fosse tender pra esse lado, mas de cara entendi que aquele lugar era “o lugar” e que as pessoas dali me interessariam muito. João, em meio aos seus muitos compromissos, conseguiu me oferecer uma atenção sempre tranquila e amiga, me incluindo calorosamente em seu grupo assim que me decidi por aderir a esta “questão de estado”.

Nada teria acontecido, entretanto, se Franz Novak, em seu laboratório, não tivesse me contado sobre os males causados pela mamadeira, me emprestado seus livros, me explicado com toda a paciência como manipular um leite para entregar à pediatra da UTI neonatal (que aguardava na porta para levá-lo a um bebê prematuro internado). No IFF me deram chance de chegar pertinho da rotina de vários setores. Essas duas figuras, João e Franz, formam uma dupla real de super-heróis e tenho muito orgulho de conhecê-los.

Mas como João tantas vezes reforça, super-heróis não existem. Um mundaréu de gente se dedica todos os dias a fazer aquilo tudo acontecer. Posso citar algumas dessas pessoas. Nina Savoldi, colega de turma no curso que fiz lá, me proporcionou a entrada na UTI neonatal e papos importantes durante os almoços nos dias de evento. Elisabeth Crivaro me demonstrou que é plenamente possível alimentar um prematuro utilizando o copinho. Sandra Pereira tirou minhas dúvidas, solucionou meu acesso às informações. Enfim, essa gente toda do IFF não merece apenas agradecimento, mas crédito na tese.

Participando de muitas dessas reuniões e visitas estavam dois ex-alunos. Mariana Ribeiro, a menina do cabelo azul, que um dia, ao final de minha aula, afirmou que montaria o posto de recolhimento de potes para doação de leite humano na PUC e acabou envolvida na história antes de mim, desenvolvendo seu projeto de fim de curso sobre o tema (às vezes os aliados têm cabelo azul). Bebel e Tetusa Noguchi, donas da loja Pilotis, adotaram carinhosamente a caixa para doação de potes, que a comunidade PUC vem mantendo sempre recheada de doações há mais de dois anos. Ex-aluno e aliado também vem sendo Fernando Carvalho. Era dele o projeto de colchão para incubadora que motivou meu pedido a Selene de uma conversa no IFF, raiz de tudo. Com Fernando discuti cada passo do trabalho nos cafés semestrais que tomávamos, pois ele fazia mestrado nos Estados Unidos e só aparecia nas férias. Fora o contato por Internet. Seus projetos, sua postura profissional, seu talento para o design e o comprometimento com os acenos da realidade me fizeram apelidá-lo de “designer do século XXI”.

É preciso retornar um pouco no tempo pra falar de Myrian Santos. Por duas vezes tivemos nossa parceria orientadora/orientanda frustrada na pós-graduação em Ciências Sociais da UERJ. Mas seguimos em frente de outro jeito e ela co-orientou esta pesquisa. Gosto de lidar com pessoas que me fazem críticas importantes, e Myrian fez muitas delas no decorrer desses quatro anos. Sem sua interferência, o trabalho não teria alcançado a vivacidade que adquiriu. Ouvi o que ela disse, entrei num disco voador e segui viagem, pra muito longe e pra bem perto, torcendo pra conseguir trazer o leitor comigo nessa montanha russa. Foi mesmo um privilégio ter sido desafiada com tanta amizade.

Então, as coincidências. Myrian conhecia Mônica, que namorava João. Cheguei a Mônica Herz porque ela era integrante da linha de pesquisa que eu havia localizado durante mais uma tentativa de ingresso no doutorado, dessa vez em Relações Internacionais. Ela me revelou ser amiga de Myrian desde o doutorado na Inglaterra, e me proporcionou assistir como ouvinte a matéria que ministrava na graduação, momento em que deparei com o estudo dos Direitos Humanos. João Struchiner, seu namorado, havia sido um grande companheiro em praticamente todas as atividades realizadas nos anos de ESDI. Havíamos perdido o contato, desde então, que agora foi recuperado na intensidade que nossa amizade sempre mereceu. Além do incentivo, João cuidou da impressão dos volumes desta pesquisa. É de responsabilidade de Mônica o fato de eu ter dado a guinada inicial para o tema que desenvolvi, pois ela esteve na exposição do MOMA de 2005, “Safe: Design takes on risk” e, a partir daquele catálogo, que Jack Silber providenciou pra mim em Nova Iorque, tudo começou a acontecer.

Foi Myrian também que me apresentou a Maria Inês Couto de Oliveira. Marquei uma conversa em sua casa e lá nos perdemos em meio a extenso material sobre as campanhas nacionais e internacionais que brotavam dos armários e gavetas. A partir dessas informações pude realizar meu primeiro artigo sobre o tema e seguir em frente de posse de alguma bagagem. Um dia após nosso encontro eu vesti a camiseta de campanha pró-amamentação e fui andar na Lagoa, sinal de adesão à causa. Muito me alegra sua presença em minha banca: cabe-me agora abrir as minhas gavetas para retribuir tanta gentileza.

O artigo foi escrito e entregue a Rafael Cardoso, como trabalho de disciplina. A ele agradeço pela pressão para que eu definisse o recorte de minha tese no momento adequado e pelo conteúdo tratado em suas aulas de História do Design no Brasil. Aquelas aulas, somadas às de Cláudio Lamas, assistidas como ouvinte na graduação, lado a lado com meus alunos, me forneceram, enfim, um conhecimento de História do Design que eu não possuía. Cláudio me deu dicas de leitura essenciais sobre o movimento dos consumidores e sobre muitos outros detalhes que eu ignorava.

A Sônia Martini e Anne Krause, membros da IBFAN gaúcha, agradeço pelo tão frutífero almoço que tivemos em Porto Alegre. Assim que der, seguirei seus conselhos de fazer o curso de monitora da NBCAL. Celina Valderez e Rosana de Divitiis, da IBFAN, me proporcionaram este contato.

Não conheci o Dr. Marcus Renato, mas acessei incontáveis vezes seu site, Aleitamento.com, através do qual me mantive atualizada sobre os acontecimentos da área.

A José Maria Gomez eu devo a chance de chegar perto de algum conhecimento sobre Política, Economia e Direito. Sempre tive um grande interesse por esses temas e ele me conduziu ao entendimento de algumas coisas importantíssimas e à certeza de que um designer não pode prescindir de tais noções em sua formação. Eu me senti o máximo participando daquela turma. Daniel Aragão estava lá, e desde o ISA-ABRI (congresso de Relações Internacionais do qual participei, instigada por Mônica), quando foi o debatedor do painel sobre Responsabilidade Social — do qual eu participava como palestrante —, se tornou um colaborador e tanto. Criticou sem dó o meu trabalho lá, na hora, recomendou um artigo importantíssimo sobre o Global Compact e a Nestlé, e me noticiou o Bebé Glutón, num apoio valioso.

Aos poucos meu escaninho foi sendo povoado por contribuições de colegas. Por vezes eu nem identificava seus nomes, como no caso de Eliane Correa, que me deu cópia de importante artigo sobre o boicote à Nestlé. Agradeci a muitas “Elianes” antes de descobrir a real autoria daquela contribuição.

Cláudia Mont’alvão, além de “povoar” meu escaninho, tornou-se uma multiplicadora das informações que lhe contei, transmitindo-as a pessoas conhecidas ou quando quer que haja chance, como em conversas de salas de espera de consultórios médicos. Cláudia foi quem me revelou que eu poderia fazer no design aquilo que eu tanto buscava realizar fora do design: uma tese de design não apenas sobre o design. Sem essa informação, eu não teria chegado aqui.

Aos professores presentes à reunião, cujos nomes devem ser preservados por princípio de pesquisa, obrigada pelo tempo, pela dedicação, pela valiosa participação que tiveram em meu trabalho. Realizei ali o que penso deva ser uma prática constante de trabalho no ambiente universitário e fico feliz pelo fato de uma notícia tão perturbadora ter gerado reflexões tão importantes.

A Luiz Antônio, meu orientador, agradeço pela acolhida e por ter se envolvido com meu trabalho de maneira tão especial. Mereci seu apoio incondicional em todas as etapas. De vez em quando ele me mandava procurar por outras pessoas, e eu a princípio nem entendia por quê. Outras vezes chegava a redigir pequenos ótimos trechos no material que lhe entregava pra ler. Leitura minuciosa. Alertas importantes. Abraços constantes coroando meus feitos num fornecimento permanente de incentivo, mesmo que por vezes em forma de carinhosas broncas, mas broncas.

Ele me mandou conversar com Menga Lüdke, do Departamento de Educação da PUC, logo depois da qualificação. Uma hora. Foi esse o tempo que levou pra ela me mostrar a coisa do jeito que ela deveria ser vista: “Cristine, provar que o seio materno é melhor do que a mamadeira não é tese. Sua tese está aqui, na necessidade de reavaliação da produção industrial, que você tanto comenta”. Uma frase que valeu ouro.

Newton Gamba Junior participou da qualificação, de outros momentos da pesquisa e é membro da banca final. Como foi bom ter um designer que já cursou Medicina para avaliar meu trabalho! 

Eu pensei que todo o texto da tese seria recheado por citações de Jorge Frascara. Pouquíssimas foram as referências ao seu trabalho, de modo que corrijo aqui a lacuna. A leitura de seu livro Diseño Gráfico para la gente, anos atrás, me encorajou a perseguir as questões que tratei aqui. Tê-lo conhecido pessoalmente, por obra de uma estripulia de Vera Damazio (que me incluiu em um almoço com ele), me permitiu começar a conversar sobre as mamadeiras com meu autor dileto de design, o que se estendeu em correspondências eletrônicas. Leia-se, portanto, seu nome impresso em tinta branca nas notas de rodapé de todas as páginas da tese.

A Vera Damazio eu agradeço essa estripulia com Frascara, agradeço por ter se engajado no assunto e escrito comigo o artigo para o México, por ter ido comigo, apresentado comigo, tudo comigo. E também por ter me apresentado a Myrian. Eu e Vera temos uma longa e intensa amizade que brindamos a toda hora, pois somos ambas “osso duro de roer” e até nos estranha tanta permanência. Temos que brindar. Com esse “osso” temos trabalhado “duro” e realizado coisas importantes.

Às assistências do ISA-ABRI e MX Design Conference, seus olhos estupefatos diante do que eu lhes disse, as palavras e os abraços de adesão que eu depois recebi, eu devo o “gás” para prosseguir até aqui e prosseguir muito mais além do aqui. E aos queridos amigos que fiz naquele congresso tão acolhedor, gente do México, Bolívia, Colômbia, Peru, Guatemala, Brasil, Botswana, Polônia, França, Suíça, Estados Unidos, fica reforçada a sensação de que esta viagem, para mim, soou como uma grande recompensa.

Pude apresentar meu trabalho e conversar com todos lá graças às aulas de Robson Rodrigues. Ele me encorajou a hacer la ponência en español ao invés do inglês que eu tanto suo pra falar. Daí uma mágica familiaridade me ajudou a literalmente descobrir a América Latina.

Quem me deu a idéia de fazer algumas aulas de espanhol e me apresentou a Robson foi Vera Bernardes. De chefa a ídolo do design gráfico, a grande amiga. Dicas, dicas e mais dicas. Em pleno verãozão de 2010, com a ajuda de Pedro Palmier ela ajustou o projeto gráfico “capenga” que eu havia realizado para este volume, concedendo a ele seu singular toque de Midas. Vera me encanta...

Quando trabalhei com ela, anos atrás, era sócia de Washington Lessa, que havia sido o orientador de meu trabalho final na ESDI. Realizo um sonho por tê-lo em minha banca, pois, nesse tempo todo, a admiração e o companheirismo entre nós só cresceram, apesar de pouco nos encontrarmos.

Rita Couto foi minha orientadora no mestrado, numa aliança tão inesquecível quanto as imagens telejornalísticas que eram o objeto da dissertação. Assim terei todos os meus “guias” anteriores e atuais reunidos: Washington, Rita, Luiz Antônio e Myrian. Rita me convenceu a não desistir de fazer a reunião com os professores. Obrigada pela confiança e por todo o carinho.

Agradeço a Suzana Silva, minha irmã, por ter cuidado de nossos pais com tanto esmero quando eu tive que me afastar da participação nessa tarefa crucial. O que me alivia é o fato de eu ter largado sempre tudo o que estava fazendo para ouvi-la, tentando ajudar como era possível na resolução dos problemas que surgiram nestes últimos tempos. Além disso, ela foi revisora do trabalho. Mais do que revisar, deu ao texto um upgrade impressionante. Ana, valeu mesmo!

A Leda Nogueira e Carlos Nunes, meus pais, todo o meu amor. Ele me deu o interesse por tudo-ao-mesmo-tempo-agora, e ela a capacidade de analisar cada detalhe com calma. Espero estar mais presente em suas vidas a partir da defesa.

Helton Jeveaux, meu marido, foi o patrocinador da tese. Tive que dar bem menos aulas e recusar oportunidades de trabalho para poder gerar a pesquisa e ele deu conta do rojão. Citando Chico Buarque, ele foi me iluminando, não iluminando um atalho sequer, pois sempre vai me guiando pro caminho que eu quiser.

Ele e Adélia Jeveaux inventaram de pegar um bebê cachorro bem quando eu não poderia me dispersar nem por sonho. É claro que me dispersei. Minha filha traduziu todos os textos relativos à tese e aos artigos produzidos para o inglês e, ao treinar minha fala para este idioma, recomendou que eu apresentasse o trabalho do México em espanhol! Ela me incentivou de maneira difusa e abrangente, quase que pelo olhar. Quando bebê, não aceitou a mamadeira, vomitou o leite em pó e me fez sair desatinada do centro da cidade, diariamente, pra amamentá-la. Parece que já sabia de tudo!

A Luiza Kramer, querida ex-aluna, eu agradeço pela longa parceria e por ter contado sobre meu trabalho a sua mãe, Sônia. É muito bom a gente “achar” as pessoas que já estavam ao nosso lado.

Karl Erick providenciou a compra das mamadeiras dinamarquesas. Fernando Carvalho, a compra das norte-americanas. Mônica Herz procurou a inglesa, mas não achou. Nem Rodrigo Villas Boas a encontrou. Ficou faltando, assim, a inglesa na minha coleção de “Baby killers”.

A Rodrigo Villas Boas, muito obrigada por comprar o “Bebé Gluton” e entregá-lo a Marina. Ex-aluno amado, ele foi meu “correspondente em Barcelona” durante toda a pesquisa.

A Marina, minha sobrinha, eu devo o translado do “Bebé Gluton” da Espanha para o Brasil. No e-mail ela me perguntava: “Tia, não vou ter que amamentar a boneca durante o voo, né?”. Ao que respondi: “Se ela estiver dormindo, Marina, nem vai precisar”.

Agradeço aos funcionários da pós-graduação, Romário Cesar Silva e Felipe Borges, pela presteza nas providências necessárias à marcação e realização da defesa, e a Cid Antunes e Giuliano da Fonseca, que confeccionaram o fundo infinito para a exibição das mamadeiras com o esmero que caracteriza os frutos de nossa profissão.

A Marise Maio eu dedico postumamente a tese. Este trabalho é fruto do verbo que todos temos que conjugar por muitas vezes na vida: coragem. Mais do que a coragem de realizar a pesquisa, é com a coragem de enfrentar a vida sem sua doce e eloquente presença que honrarei nossa amizade. Obrigada por segurar em minha mão quando os aviões decolam e quando pousam: de um tempo pra cá eu tenho sentido medo nessas horas.