domingo, 27 de dezembro de 2015

Sobre o Tempo



Como blogueira, reconheço ser muito menos constante e periódica do que desejaria (o tempo...).

Aliás, sempre me espanto por conseguir dar continuidade a essa iniciativa com tantos revezes que a vida tem me apresentado, mas sigo confiante ao ver que o blog prossegue sendo acessado diariamente (o tempo...), em várias partes do mundo aliás.

Estamos chegando ao final de mais um ano (o tempo...), e que ano...

Trocentas coisas barra-pesada aconteceram e, apesar delas todas, temos que acordar de manhã e agir, e prosseguir construindo, acreditando.

Outro dia minha filha postou no Facebook algo que dizia mais ou menos o seguinte: "Depois de um dia longe das notícias, dedicado a ver filmes no cinema, voltarei amanhã à rotina de desesperança e lerei sobre os acontecimentos".

Pra quem está lendo esse post e tem um filho pequenininho, há de ser dose imaginar ele dizendo isso no futuro. Minha filha é adulta, mas ela já foi um bebezinho e eu também ficaria abalada ao ler algo assim.

O fato é que eles crescem (com o tempo).

E pra falar o que eu quero nesse post, preciso contar que sou professora de uma disciplina em que dedico uma aula à história dos relógios. Quando anuncio o tema, os alunos o recebem com muita naturalidade -ainda mais que inicio a apresentação com modelos pouco surpreendentes do produto. Acontece que encaminho a aula pra conversarmos sobre o TEMPO, e aí é que está o ponto.

A gente se acostuma a pensar que o mundo é aquilo que vemos, vivenciamos, enxergamos, com o qual interagimos. Só que não.

Estamos num planeta que se move, suspenso no meio de um sistema insondável, uma doideira que a ciência luta por desvendar. Apesar disso, tendemos a considerar que o mundo se resume às nossas vidas, retirando da frente o mistério estrondoso que nos permite estar aqui. E abstraindo completamente que estamos sobre uma esfera suspensa no espaço (!).

Costuma ser uma aula especial, que nos tira do chão - atitude tão indispensável pra quem está vivo.

Sinceramente? Entro direto nessa ilusão de que o que existe é aquilo que vemos, e por isso é que gosto tanto de viajar, pois viajando tomo contato com bilhares de coisas que acontecem e existem pra muito além daquilo que presumo ser a realidade à minha frente (além do fato de visitar o céu acima das núvens).

De fato, a realidade visível é uma viagem, uma viagem igual àquela que minha filha fez quando foi ao cinema pra se divertir e tentar se proteger da desesperança. A gente está é "viajando" quando nos esquecemos desse TODO.

Não sou religiosa. Desde menina venho quebrando a minha cabeça pra localizar -dentre tantas teorias, alguns caquinhos capazes de serem perfiladas pra me explicar a loucura que é viver. E, confesso, não cheguei muito longe, situação que me agonia, mas me dá alento também.

Porque não, não sabemos de quase nada.

E, por sorte, a Terra continua girando, o dia prossegue amanhecendo (o tempo...) e nos dando o dia e a noite. Porque, se ela "enguiça", não teremos a quem reclamar.

Sigamos nesse mistério, que nos permite viver, nos permite ter essas preciosidades que são nossos bebês, para vê-los crescer e se deparar com os mais incríveis sentimentos, TODOS, TANTOS, invadindo suas experiências de vida.

Sobre a esperança, o que há por dizer é que sempre há muito por fazer.

Feliz Ano Novo.