quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Um passarinho me contou ...

Um passarinho me contou ...

Ele não era um passarinho azul, lépido e feliz. Vestia luto, estava deprimido e muito triste, uma tristeza mais funda que o mundo todo.

Mas teve forças pra me contar, bem baixinho, que a luzinha que enxergava lá, bem longe, depois da morte de seu filho, era o compromisso de seguir vivendo, com o intuito de honrar a vida dele, que não estava mais ao seu lado. Tudo em sua honra.

Esse passarinho, era uma passarinha. E ela está conseguindo.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O Baixo Bebê agora é Baixo Nestlé




Domingo à tarde, dia bonito, meu marido iria pro Leblon e decidi pegar uma carona pra ver o mar. Pois é, não é incomum morar no Rio de Janeiro e raramente ver o mar...

A orla estava sem trânsito em uma das pistas, muito alegre, cheia de gente. Localizei o Posto 12, que dizem ser o ponto mais concorrido das praias cariocas pra esse verão.

E, seguindo, deparei com um quiosque da ... Nestlé. Um display com potes de papinhas e caixinhas de Nestogeno ganhava destaque no cenário. Famílias com bebês pequenos e crianças coloriam o lugar e, pra meu espanto, uma área bem grande e cercada, com brinquedos coloridos como casinhas e pula-pula (algo assim), ocupava a areia. Tudo da Nestlé, com personagem etc.

Foi então que a ficha caiu: não existe mais o Baixo Bebê, um quiosque simples e simpático que, há muitos anos, inventou uma área infantil na beira da praia do Leblon. Agora a ideia foi absorvida pela Nestlé, que decerto comprou os direitos de exploração comercial do local e fundou o que eu chamo aqui de "Baixo Nestlé".

Eu fiquei boberona. Depois de alguns minutos saquei o celular e tirei essas fotos. Nas mesinhas, todas lindinhas, baldes lotados de canetas coloridas de vários tipos e espessuras estavam à disposição para serem usadas pelas crianças. Para desenhar? Não de imediato, porque o quiosque fornece folhas com desenhos para colorir (muito melhor conduzir do que liberar, né não?), e é o que as quatro ou seis meninas que encontrei estavam fazendo.

Nas tais folhas, o ursinho-personagem chega carregado pela... cegonha. E o slogan principal, colorido, logo abaixo do símbolo da Nestlé diz "Começar saudável para crescer saudável".
Putz, olha a mensagem supliminar que se compõe com esses elementos na cabeça das crianças que, cuidadosamente, ficarão alguns minutos colorindo o papel! Produtos Nestlé desde o nascimento!

Daí, nesta terça-feira, saí de taxi da PUC para participar de um evento na Urca. Fui pela orla, e me deparei com mais duas áreas de areia também vendidas para outras empresas, cujos nomes acho que recalquei...

Então eu penso nos frequentadores das praias, mas também naqueles jovens talentosos que, em seus empregos novinhos em folha, aplicam o conhecimento adquirido em seus cursos universitários, planejando e projetando esses banners, essas folhinhas, esses rótulos...

Não sei sobre empresas em geral, mas sobre essa eu sei: no site da Nestlé ela exibe o título de "Autoridade Mundial em Nutrição". E daí eu penso, não dá MESMO pra ficar só com a informação que nos chega fácil aos ouvidos e depois se acomoda confortavelmente em nossas mentes. Tem que sair atrás, investigar um pouco que seja, pois mesmo o Google - ferramenta darling dos nossos tempos - é capaz de nos contar muito mais, de retirar os lindos panos que encobrem a bela fachada dos quiosques da Praia do Leblon. 

sábado, 12 de janeiro de 2013

Vamos que vamos!



É assim mesmo: quando você entra numa de estudar uma determinado assunto, embora leve tempo, acaba montando uma rede de contatos valiosa.

Foi assim comigo. E diga-se de passagem que nem sou uma pessoa muito sociável. Mas descobrir que aquele tema que tanto te interessa, na verdade já concentra uma multidão de pessoas que trabalham há muito tempo naquilo, é incrível. E falando específicamente da questão-tema deste blog, representa um grande alento.

Aos pouquinhos fui conhecendo pessoas, frequentando fóruns, fazendo leituras ... e hoje posso dizer, com muito orgulho, que faço parte desse grupo também, que promovo fóruns também e que escrevo coisas para serem lidas também.

Sabe, ter encontrado esse campo de estudo e de ação deu, finalmente, o sentido pra minha profissão que eu sempre busquei.

Mas falando das coisas que já escrevi, tive esta semana uma surpresa muito boa. O Dr. Marcus Renato, pediatra, responsável pelo site que foi pra mim uma das maiores referências enquanto escrevia a tese, publicou um artigo meu: Campanha "Madrinhas da Amamentação": reflexão crítica.

E qual não foi minha surpresa quando, ao checar seu post no Facebook, percebi que já havia 90 compartilhamentos. E mais ainda, ontem ele me contou que o Google enviou pra ele uma notificação de que a publicação de meu artigo estava "bombando" na internet.

O negócio é esse, a luta é essa. Temos que produzir muito pra chamar a atenção das pessoas sobre o problema das mamadeiras e pra esclarecer e incentivar a amamentação.

O artigo é uma crítica que não foi simples de elaborar, como qualquer crítica.

Coloco aqui o link, e aproveito pra incentivar a todos a participarem da enquete sobre o conceito de aconselhamento em amamentação, presente na página de abertura do site www.aleitamento.com.br.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Como é difícil!

Hoje encontrei uma matéria muito boa sobre os perigos da mamadeira. Li, gostei, concordei com praticamente tudo que estava escrito lá.

Mas sou "gato escaldado", e percebi que um anúncio animado das indústrias Lillo ilustrava a matéria.

Cliquei. No site não aparecia nenhuma mamadeira, só mesmo os tais "copos antivazamento" que, diga-se de passagem, também não são recomendados pelas agências de saúde porque não permitem que a sucção se dê de maneira adequada. O negócio é copo, copo comum.

Então pensei: será que a Lillo deixou de fabricar mamadeiras? E coloquei no Google "mamadeiras Lillo". Claro que uma infinidade dessses produtos veio, com fartas imagens.

http://guiadobebe.uol.com.br/por-que-a-mamadeira-e-condenada/

É assim. A cultura está tão implantada na cabeça da gente que mesmo os autores e editores de um site que faz uma matéria séria sobre o assunto não percebem que ela não pode ser patrocinada por indústria que produz justamente o produto que se critica.

Não percebem? Patrocínio parece ser tudo, não?