sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Feliz aniversário, Feliz Natal






Nos próximos dias estaremos comemorando um aniversário de 2.016 anos.

Procurando uma imagem, gostei muito dessa composição realizada pelo designer ucraniano Alexey Kondakov, ambientando os personagens do quadro Canção dos Anjos, de  Bouguereau (França) num trem de metrô de qualquer lugar.

A todos os passageiros, desse qualquer lugar, desejo paz.


sábado, 17 de dezembro de 2016

Pelas crianças de Aleppo, Síria, algo que dá pra fazer

Gente, o post de hoje é pra chamar todo mundo a assinar a petição em favor da retirada das crianças da cidade de Aleppo, na Síria.

Tenho procurado aqui, a todo instante, abstrair essa situação terrível dos meus pensamentos, mas tá brabo... e sei que tá todo mundo chocado e desejoso de fazer alguma coisa...

Então achei esse caminho da Anistia Internacional e chamo todo mundo a ir lá e assinar.

A gente não sabe se isso efetivamente ajuda, mas é a única coisa que se apresenta a fazer.

Além de torcer muito pra que os sobreviventes sobrevivam.

domingo, 11 de dezembro de 2016

ENAM 2016, guardado na memória :o)



Agora arrumo tempo pra contar sobre o quanto foi bacana o ENAM 2016 - Encontro Nacional de Aleitamento Materno, em Florianópolis, e pra começar, mostro pra vocês minha tão especial aquisição: de prata, uma delicadeza, comprado no stand da Matrice :o)





A abertura foi o máximo, com direito a coro de crianças cantando o Hino Nacional e o Hino de Florianópolis, coisa muito poética. Depois das falas das autoridades presentes, teve dança finalizada por uma bailarina que trouxe o bebê ao palco e ali tentou amamentá-lo. A criança estava distraída com as luzes e movimentos, não mamou, mas extraiu suspiros de toda a assistência. Curti tudo ao lado de Maria Cristina Passos, de Ouro Preto.

A assistência? Mil e quinhentas pessoas, todo o país representado e eu pensei: caramba, aqui todo mundo sabe o mal que a mamadeira faz! Eu estava na minha praia, definitivamente ahahah.

A conferência de abertura foi do pediatra espanhol Carlos Gonzalez. E que conferência!... falou sobre o seu livro "Besame mucho" e da importância da proximidade dos pais, do quanto a criança depende deles. E chorei algumas vezes, porque a gente se vê mal quando os pais morrem, como os meus morreram recentemente, mesmo que já tenhamos quase 60 anos.

E trocamos autógrafos em nossos livros. O dele eu levei de casa, pois já o tinha; o meu, dei a ele de presente. Aliás, vendi todos os livros que levei!



Vale dizer que no dia anterior, essa turma da IBFAN trabalhou a valer, zelando por nossas crianças - coisa que aliás é o que essa gente toda do ENAM faz. Em primeiro plano, Aline Sudo (RJ) e Marcela Calif Simas (SP).







Daí veio a nossa roda de conversa "Promoção do aleitamento materno", com Cléia Barbosa (MG) e Dra. Keiko (SP) mediando e Erica Witte (SP) , eu e Marcus Renato apresentando nossas visões. Falei da"Mamadeira: uma imagem cultural a ser desconstruída", e no final recebi um abraço da Dra. Keiko tão emocionado que fui ao céu. Porque receber abraço assim de quem sempre foi referência pra gente, só mesmo pirando.






E fomos pro almoço de van. Era bastante gente e a maioria pediu água. E veio água da Nestlé! Não teve um que não reclamasse... soube de gente que arrancou o rótulo pra beber, já que não tinha água de outra marca. Ah, toda vez que rejeito produtos da Nestlé as pessoas me olham de um jeito estranho e tenho que sair explicando. Dessa vez não foi preciso dizer um "ai".






E altos papos, altos encontros, com gente já tão querida (Ana Basaglia, Roberto Issler, Margareth Wekid, pessoas virtuais que se presentificaram (Orandina Machado) e laços fortes com quem a gente só conhecia de vista (Maria Lúcia Futuro).







Sim, esse papo estranho que eu vivo repetindo sempre que me dão chance é um trinado leve de uma canção entoada há muitos anos, por muita gente de muito valor, que luta pelo que de mais valioso se pode lutar: a vida.

Meu agradecimento a Marina Rea e a Rosana de Divitiis :o)










segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Entra ano, sai ano...




Entra ano, sai ano, e a Nestlé prossegue como uma marca muito bem vista pelos cariocas. Esse ano a pesquisa divulgada pelo jornal O Globo veio com categorias diferentes. Em anos anteriores a empresa recebeu o título de "A marca mais querida dos cariocas".

Ok, ok, as coisas têm sido assim mesmo, mas acho que vale reproduzir aqui os trechos que citam a Nestlé em três diferentes categorias, pra quem não teve acesso à publicação.

Então, vamos às categorias:

Respeito ao consumidor (a primeira colocada foi a Apple - pág 32-33):
Na segunda colocação no ranking, em vez de celulares e computadores, aparecem os leites condensados, farinhas lácteas e chocolates da Nestlé. A gigante suíça dos alimentos está no Brasil há 95 anos dos seus 150 anos de história e foi uma das pioneiras na atenção aos consumidores no país. Já em 1960, ela lançou um serviço de atendimento chamado então de Centro Nestlé de Economia Doméstica, que adotaria no futuro o nome de Serviço Nestlé ao Consumidor (SNC). O objetivo, naquela época, era ajudar as donas de casa a esclarecer dúvidas sobre a cozinha e sobre seus produtos; hoje, atende a todos os tipos de demanda de um milhão de clientes por ano por telefone, e-mail, chat, redes sociais e até carta. A empresa informa ter uma área exclusiva para serviço ao consumidor com 150 profissionais responsáveis por interagir com os clientes e transmitir suas opiniões ao restante da companhia. Parte das críticas e sugestões é usada no desenvolvimento de novos produtos. "Um interessante lançamento recente em que a presença do consumidor ficou clara foi o de Leite Ninho Zero Lactose Pó. Após o lançamento de Leite Ninho Zero Lactose UHT, o Serviço ao Consumidor recebeu várias sugestões e pedidos do lançamento do produto na versão em pó. Alguns consumidores acabaram fazendo parte do filme de lançamento do produto. Outro exemplo foi o lançamento das bebidas Nesfit, nova linha bebidas vegetais para consumidores que procuram por esse perfil de alimentação", diz a Nestlé em nota.

Respeito ao meio ambiente (a primeira colocada foi a Natura, seguida de O Boticário - pág 34-35):
A Nestlé ocupa a terceira posição entre as marcas que os cariocas reconhecem por respeitar o meio ambiente. A empresa reduziu em 57% a geração de resíduos destinados a aterros em 2015, e cinco unidades conseguiram o modelo zero resíduo: Araçatuba, Araraquara, Carazinho, Jataí e Nestlé Waters São Lourenço. "No Brasil, são executadas ações de modernização tecnológica, mudança de processos e melhorias no uso da energia, a fim de diminuir a pegada de carbono. Em 2015, foram 72 projetos específicos sobre o assunto. Como resultado, o país registrou queda de 2,9% na geração de emissões", informa a empresa.

Produtos infantis (a primeira colocada foi a Johnson & Johnson - pág 64):
Já a suiça Nestlé teve o Rio como porta de entrada no Brasil em 1876, quando um escritório no Centro começou a importar os produtos da marca, trazendo, de início, a Farinha Láctea. Em 1921, a cidade recebeu a primeira sede da companhia no Brasil. Esse ano a Nestlé [segunda colocada] lançou novas embalagens de sua linha de papinhas infantis, que passaram a contar com tampas estampadas com bichinhos. Para acompanhar a novidade, colocou as imagens dos animais disponíveis para imprimir e pintar a partir de sua página na internet. Pelo site, é possível, ainda, escolher dois kits temáticos para festas infantis, com o passo a passo para impressão.

Marketing incrível mesmo...

Mas precisamos nos informar e nos proteger daquilo que não está dito aqui.

Pesquisar faz bem.

sábado, 5 de novembro de 2016

Pensemos no futuro




Existirá uma fronteira máxima que delimite até onde podemos ir na prática de delegar às coisas/produtos a responsabilidade por executar ações que estamos capacitados a realizar?

Pensar à frente sempre nos conduz a cenários maniqueístas: ou nos deliciamos com nossa criatividade, em rota de livre e mirabolante expressão, ou nos alarmamos com o resultado da multiplicação exponencial dos problemas atuais. Acho que ambos os exercícios são necessários e muito úteis.

O problema está, eu acho, no fato de que não temos feito esses exercícios devidamente. Se as inovações tecnológicas vão chegando aos poucos, seduzindo a gente com seus apelos de modernidade e sempre propondo facilitar nossas vidas mais ainda, o futuro vai como que entrando em nossa corrente sanguínea e como que anestesiando nossas habilidades em realizar coisas simples, para as quais estamos plenamente capacitados.

Foi isso que percebi ao compartilhar no Facebook um vídeo (ver inteiro) sobre o berço The happiest baby, desenvolvido pelo pediatra Harvey Karp e pelo designer Ives Béhar, no MIT Media Lab (!!!!!) Eu estava horrorizada com o produto, assim como alguns amigos que compartilharam o post. Mas foram tantos os comentários positivos que o produto ensejou nos perfis deles, que tive que parar pra pensar no assunto.

A hora de dormir tende a ser um momento quase sagrado pras pessoas, antecedido por cuidados e rituais que antecedem o momento de a gente se desligar, descansar o corpo e lidar com sonhos.

Colocar bebês e crianças pra dormir me parece um momento mais sagrado ainda. Ainda hoje me lembro de minha mãe me tirando do início do sono porque eu não havia escovado os dentes. Ela me apoiava pelos braços e, concluída a tarefa, me devolvia pra cama com um beijo (juro que essa é pra mim uma memória deliciosa ahahah). Reproduzi isso com minha filha. Com ela, desde que era bebê, praticamos um embalar musical, discos ótimos, dança gostosa no colo. Quando foi crescendo, ela deitava no sofá com a cabeça em nosso colo, ora eu, ora meu marido, som na caixa e o sono vinha gostoso com um cafuné. Até que ela ficou tão grande e pesada que o pai deliberou: agora precisamos ter um equipamento de som no quarto dela! Isso pra não dizer das histórias dos livros, lidas em capítulos delimitados pelo fechar dos olhos dela, cuja continuidade era uma sedução pra hora de dormir do dia seguinte. Muitos, muitos livros. E nas noites mais difíceis, um conselho que rezava em si pra dar certo: filha, pensa em coisas boas :o)

Daí, me diz: você também não tem um monte de lembranças sobre a hora de dormir? Elas não têm um "Q" especial, ao menos algumas?

Agora considere embrulhar seu bebê do jeito que esse berço recomenda, todo amarradinho, e soltá-lo nessa máquina-de-fazer-dormir... E diga-se de passagem que ela deve custar os olhos da cara!

Olha, podia ser de graça que eu não a trocaria pela delícia de embalar uma criança, devagarinho, curtindo esse contato tão fundamental pro seu futuro.

Futuro?

As inovações tecnológicas, todas, têm seus prós e seus contras. Recomendo não se anestesiar do sentimento, do compromisso, do amor, do contato e do carinho.

E pra quebrar um pouco essa coisa idílica da minha visão, um pouco de realidade  pelo humor dessa mãe que permite com que nos identifiquemos com os problemas corriqueiros da maternidade.

Que tenhamos todos noites muito gostosas, como devem ser.





domingo, 9 de outubro de 2016

Sobre os recentes acontecimentos no Brasil


Die drei lebensalter - Gustave Klimt


Na última semana vimos a aprovação da PEC 241 pela Câmara dos Deputados, a fala da primeira dama Marcela Temer sobre o Programa Criança Feliz, e a carta aberta da ex-deputada gaúcha Manoela D'Ávila a Marcela.

Sobre a primeira notícia, compartilho da grande preocupação em ver as leis trabalhistas arrastadas pela correnteza neoliberal que prioriza os interesses econômicos, relegando a um plano inferior os interesses sociais, os direitos das pessoas. Estamos, há tempos, sob esse regime neoliberal, mas ampliar ainda mais esse passe é coisa grave.

Sobre o segundo ponto, não o estranho mais do que a tantas outras medidas que vêm sendo tomadas a nível federal. Na verdade faz muitos e muitos anos que tenho me disciplinado a torcer por nossos governantes, embora não tenha colaborado para elegê-los, e tal postura tenha realmente me trazido algumas boas notícias. Mas me incomoda, também,  o modo como são dirigidas as críticas ao caso, num discurso polarizado que "institucionaliza" ainda mais a incompatibilidade desses polos.

Justo isso motiva minha impressão sobre a carta da ex-deputada, recheada de informações relevantes e muito bem embasadas, mas nada diplomática (embora por vezes até tente parecer). Eu não esperaria diplomacia mesmo nessa correspondência e é exatamente isso o que me causa mais preocupação, essa coisa inconciliável.

Tenho tentado me manter afastada das discussões políticas, pelo fato de estar atravessando um momento de grandes perdas familiares, meus pais, e também por não me identificar com qualquer dos polos que protagonizam a cena. Mas como o assunto chegou à seara da infância, da maternidade e da paternidade, naturalmente me vi pensativa, e utilizo o blog pra dividir esses pensamentos, nada conclusivos - diga-se de passagem.

Há poucos dias eu li um artigo sobre o lançamento do livro de Márcio Tavares D'Amaral, no qual ele comentava a situação que atravessamos no Brasil:

O que perdemos hoje foi a convicção de que não estamos inteiramente certos, que não podemos ter certeza da totalidade da realidade. E que aquele de quem discordamos e que discorda de nós tem alguma coisa [algum motivo] para dizer o que diz. Não é louco, nem idiota. E eu quero saber qual é essa coisa. Isso supõe uma atitude de boa-fé e está sendo impossível (aqui).

Tenho plena consciência e entendimento de que uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) altera as leis trabalhistas e abre as portas para regimes exploradores de trabalho, privilegiando o lucro das empresas, e penso no quanto isso nos inclui ainda mais no cenário de exploração mundial que permite a produção das coisas que, é preciso dizer, aqui e em tantos outros lugares prosseguimos consumindo (como roupas, calçados, eletrônicos e alimentos de marcas consagradas no mercado ). A cultura do consumo alimenta esse sistema, a força das estratégias de comunicação nos faz confiar nessas marcas, nos faz nem querer pensar em como esses produtos foram produzidos. Claro que muitas coisas vêm mudando, mas o poder das grandes corporações está longe, longe de ser vencido.

Pelo pouco que li sobre o Programa Criança Feliz, vejo que o problema realmente está na conjunção entre ele e a PEC aprovada, pois se mudam as leis trabalhistas, quem cuidará das crianças? Essa minha frase pode parecer ingênua, mas foi isso que entendi, que a licença maternidade de seis meses - recente conquista, poderá vir por água abaixo.

Poderá? Isso e todas as consequências dessa medida são muito, muito graves.

Daí me lembro de uma coisa chamada "questão de Estado".  Uma questão de Estado está livre das diferentes condutas dos governos, mantendo-se assegurada, com mais ou menos incentivo no decorrer dos anos, mas firme graças à atuação de seus defensores e representantes.

Então, é assim: nenhum governo brasileiro conteve o crescimento das indústrias de fórmulas infantis, financiando inclusive sua entrada e permanência em nosso território, mas todos os governos, em maior ou menor medida, incentivaram a política de Bancos de Leite Humano, ao ponto de hoje sermos referência mundial nesse setor. O mesmo para as leis de controle de comercialização desses produtos, arduamente batalhadas por muito tempo e finalmente aprovadas. Não que isso resolva, porque não resolve, mas é a realidade que vivemos.

Já trabalhei para o governo (do estado do RJ) durante alguns anos. Durante esse período, vi projetos sendo engavetados a cada vez que mudava o responsável pela Secretaria....

O que penso é que há coisas que precisam ser mantidas, protegidas, salvaguardadas como políticas de Estado. Essas coisas têm atributos capazes de reunir em torno de si polos antagônicos.

Têm?




sábado, 24 de setembro de 2016

Um olá




Hoje vou só colocar essa foto. Adoro fotos tiradas com tele-objetiva, bem de longe, porque entre a câmera e quem é fotografado, tem a naturalidade.

Ela brincava com o tubinho vazio do filme. Estávamos no jardim da casa de meus pais, nossos olhinhos mais pequenininhos ainda por causa da luz.

Vendo os extratos dos bancos aqui, anoto que preciso preparar o orçamento de outubro. Daqui a pouco já vai chegar de novo o Natal.

As câmeras de hoje são digitais, meu cabelo tá grisalho, sem óculos só enxergo vultos. Ela é muito mais alta do que eu e as imagens e histórias tomaram vulto em sua vida.

Nessa foto só tem duas pessoas, mas na verdade tem três: a terceira foi quem nos viu e registrou assim, o pai dela. Sempre vejo três nessa foto.

Ele agora foi comprar um vinho pro jantar, ela tá dormindo um pouco, e eu dei de flanar pelo blog só pra dizer um olá.




sábado, 17 de setembro de 2016

Amamentação: o que o Design tem a ver com isso?



Estes são Raphael e Ingride, alunos do curso de Design da PUC-Rio, clicados pelo pediatra Marcus Renato de Carvalho em uma das reuniões que eles tiveram para o desenvolvimento do símbolo da ABRACAM - Associação Brasileira de Consultores em Amamentação.

De onde pode ter surgido o interesse do grupo por um tema como esse, cuja importância - nesse cenário de consumo de leites artificiais e mamadeiras - tem sido uma causa quase que exclusiva dos profissionais da saúde?

A linha do tempo é assim:

1. eu estava fazendo meu doutorado sobre os caminhos tortos que o Design vem tomando ao se hibridizar com o marketing e gerar produtos com o objetivo de incrementar vendas;

2. fiz uma visita ao Instituto Fernandes Figueira pra mostrar projetos de alunos da PUC voltados para bebês internados (colchão para encubadora, de Fernando Carvalho e um folheto para facilitação de doação de leite materno), em uma reunião com João Aprígio e Mariana Ribeiro - aluna que me acompanhou, e que depois veio a desenvolver o material de divulgação da Rede Iberoamericana de Bancos de Leite Humano como Projeto-Conclusão do curso de Design;

3. seguindo para o Laboratório do IFF, Franz Novak - ao saber que eu era designer, me falou que a mamadeira era um produto muito perigoso para os bebês. Eu fiquei PASSADA, e dias depois descobri que ela, a mamadeira, poderia ser tomada como o objeto-símbolo de minha pesquisa de doutorado;

4. Saí feito uma louca pesquisando o assunto, defendi a tese "O desdesign da mamadeira" (tendo a presença luxuosa de João Aprígio na banca) e publiquei o livro algum tempo depois, com a presença luxuosa de um texto de Franz Novak na orelha e apresentação de Rosana de Divitiis, presidente da IBFAN Brasil;

5. As irmãs gêmeas Maria de Lourdes Sette e Fátima Santos decidem adotar meu livro na disciplina "Análise e produção do texto acadêmico", oferecida pelo Departamento de Letras aos calouros do Curso de Design;




6. Um dos alunos de Lourdes é Raphael (o menino que aparece na primeira foto desse post), e ela prosseguiu levando esse conhecimento às suas turmas, como demonstra a foto abaixo, do primeiro semestre de 2016, clicada após a minha visita á turma;



7. Raphael me procura em março desse ano, dizendo que quer muito trabalhar com o tema de meu livro em seu Projeto IV, e me pedindo subsídios para convencer sua equipe a fazê-lo. Marcamos uma conversa para alguns dias depois, ele trás Ingride e ela sai apaixonada pela questão;

8. Eles desenvolvem o trabalho em conjunto com Marcus Renato, me procuram eventualmente para discutir layouts e o apresentam finalizado às professoras Cláudia Bolshaw e Vera Damazio, diante dos colegas de turma, eu e Marcus. Tiraram um redondo DEZ, e veja aqui a apresentação do projeto.


Bom, o projeto acabou não sendo adotado pela associação. Incomodou o fato de a equipe ter entendido que seria um caminho coerente partir do símbolo do órgão internacional para a definição do nacional. E foi justo essa escolha que me encantou... uma escolha tão respeitosa ao movimento mundial...

Mas nada foi perdido, só ganhamos, todos!

Outro dia Raphael veio falar comigo no campus, do quanto eles cresceram, do quanto foi incrível desenvolver o projeto, do quanto adquiriram em sensibilidade, conhecimento, prática, maturidade, conscientização, capacidade crítica e criativa.

E eu fico aqui pensando: me doeu descobrir tudo o que descobri sobre a mamadeira, mas às vezes, ao encarar um verdadeiro touro, podemos colher muitos louros, e como os tenho colhido :o)

Parabéns, queridos, esse conhecimento vale ouro!


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Mamadeira, órtese ou prótese (uma reflexão)



Em tempos de Paralimpíada, tenho pensado muito no quanto a inventividade, criatividade e persistência dessa nossa espécie pode gerar aparatos capazes de minimizar problemas, das mais diferentes naturezas, que caracterizam esse nosso mundo.

Visitando o Science Museum, em Londres, fiquei impactada com essas prótese para crianças vítimas da Talidomida (medicamento que foi receitado como atenuante para o enjoo de gestantes, acarretando algumas gerações de crianças sem membros - ora pernas, ora braços). O remédio foi sendo proibido no mundo, o que tardou a acontecer no Brasil.




Daí fui procurar o significado dos termos "órtese" e "prótese".

As órteses são aparatos que auxiliam um membro humano, aumentando sua performance. Já as próteses, substituem um membro inexistente. Ou seja, os óculos são uma órtese e o que temos na imagem é uma prótese, já que as crianças não têm as pernas ou partes delas.





Amy Purdy, a bailarina que nos encantou na cerimônia de abertura das Paralimpíadas, se utiliza de próteses, e achei incrível a concepção de sua dança, tendo um robô, uma máquina como par. Graças àquela inventividade e obstinação citada no começo desse texto, a tecnologia surge e contribui enormemente para que ela deslize ao som da música, com tanta graça e leveza.

Mas há situações em que essas definições não resolvem tudo...

O que dizer daquele momento em que recorremos à calculadora do celular para fazer contas simples? Temos o órgão, o cérebro, e ele é capaz de resolver a operação matemática. Mas cada vez ele é menos utilizado. Isso também se aplica a inúmeros outras operações e atividades que somos plenamente capazes de realizar, mas entre nós e a tarefa se interpõem objetos e produtos dos quais passamos a depender intensamente, muitas vezes atrofiando nossas capacidades naturais.

É claro que isso é complexo e tem pros e contras. A invenção do alfabeto, por exemplo, reduziu nossa capacidade em memorizar e quase inabilitou a história oral (envolvendo nesse processo o papel das pessoas idosas). Mas possibilitou o registro e a democratização do conhecimento. Isso é muito e bom também.

E o que pensar das mamadeiras? Órteses ou próteses?

Acho que as mamadeiras exigem mais conexões de raciocínio antes de poderem ser encaixadas nessas definições...

Se órteses auxiliam a performance de um membro, nos deparamos aqui com uma externalidade, sei lá... porque o seio materno está fora da criança, está na mãe. E a mamadeira não aumenta a performance do seio. Ao contrário, o uso da mamadeira a reduz, uma vez que com a diminuição da sucção, a produção de leite materno é interrompida.

Então será a mamadeira uma prótese? Acho que sim, uma prótese que entra no lugar do seio e da amamentação, mas tantas vezes sem que ela seja efetivamente necessária. Ou seja, o seio está lá, a amamentação se faria possível em muitos casos, mas opta-se por não utilizá-la, atrofiando-a, substituindo o seio pela mamadeira.

Uma prótese, como a calculadora do telefone celular, cujo uso - influenciado pela cultura industrial e do consumo- se torna quase involuntário.

E me vem à memória um paralelo traçado por Andrew Radford (coordenador da Baby Milk Action):

Os aparelhos de diálise são capazes de realizar as funções dos rins quando necessário; a mamadeira pode realizar a função do seio materno em caso de necessidade. O problema é que ninguém propõe que os aparelhos de diálise substituam os rins, mas é proposto que a mamadeira substitua o seio materno.

E esse paralelo me conduz a um parágrafo central em minha pesquisa:

Seria mesmo estranho que as inúmeras situações em que se faz necessário uma alternativa à amamentação não desencadeassem o desenvolvimento de produtos por uma sociedade inteligente e inventiva. O problema reside no quão adequada e eficaz vem demonstrando ser a alternativa criada e no grau de adesão que ela vem sendo capaz de suscitar, apesar dos graves problemas e impactos que pode provocar.

O fato é que nada pode superar ao brilhantismo da solução com que a natureza nos dotou nesse caso. Costumo dizer: é tecnologia de super-ponta!




domingo, 4 de setembro de 2016

Sobre bandeiras



Muitas bandeiras vêm tremulando em todo o mundo, em defesa das mais variadas causas.

Quando avistei a capa desse mês da revista Vogue na banca de jornais aqui da esquina, identifiquei uma bandeira a tremular.

Não resisti em comprar a revista, certa de que haveria uma matéria com Carol Trentini, onde a questão da amamentação seria abordada. O que encontrei foi um pequeno texto sobre a modelo, falando de sua carreira e família, além de uma justificativa da escolha da foto no editorial que fazia um paralelo entre a gravidez e o momento do lançamento mundial das coleções, entendido como uma espécie de nascimento após a gestação.

No princípio fiquei decepcionada, mas depois pude reconhecer o imenso valor dessa produção.

Precisamos ver mulheres amamentando, naturalizar imagens assim, deparando com elas em qualquer lugar, porque o cenário de consumo contribuiu imensamente para censurar crianças ao seio e naturalizar mamadeiras e fórmulas artificiais.

E na leitura da mensagem percebemos de imediato a beleza da fotografia sob o logotipo da revista e, imediatamente depois lemos "NEW AGE" (Nova Era), compondo uma só informação aos olhos do observador, quer isso seja por ele percebido objetiva ou subliminarmente.

Nessa NOVA ERA a amamentação ganha espaço, e já são muitas as ocasiões em que repórteres e jornalistas, modelos e artistas, políticas e pessoas públicas em geral vêm bem utilizando o espaço que têm na mídia para nela figurar alimentando seus bebês.

Muitas bandeiras tremulando. Esta, sem dúvida, uma delas.

E meu reconhecimento à revista por ter aberto esse espaço com essa composição estritamente entre imagem e mensagem escrita, fugindo do óbvio. O resultado é muito forte.


quarta-feira, 20 de julho de 2016

Os bebês e o mundo...



Esse bebê não está fantasiado de astronauta, como pode parecer à primeira vista. Na verdade, esta é uma notícia "tranquilizadora", publicada em jornal britânico, alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial.

Trata-se de um capacete anti-gás venenoso para proteger as crianças pequenas, cabendo a seus cuidadores a tarefa de bombear o ar por intermédio de um fole (veja detalhe na imagem).

O livro Wartime childhood, de Mike Brown (Shire Library), conta que o gás venenoso foi uma arma muito utilizada durante a Primeira Guerra. Procurando defender-se das terríveis consequências dessa estratégia do inimigo, em 1936 foi desenvolvido o artefato, chamado de Baby-bag.

O autor relata as medidas tomadas pelo governo britânico na preparação da sociedade para o enfrentamento da guerra que se aproximava, com foco nos esforços direcionados às crianças, inserindo em sua rotina simulações de evacuação, construindo abrigos, criando atividades lúdicas (o tanto quanto possível) para ambientar os pequenos com a realidade que lhes bateria à porta.

E no cantinho de uma das páginas do livro, em formato muito reduzido, eu deparei com a seguinte imagem:




Mal dá pra entender ... procurei na internet e encontrei mais essa. A enfermeira em primeiro plano carrega todo o aparato (com o bebê em seu interior) por uma alça. E então compreendemos o motivo de chamar-se Baby-bag.





Fiquei pensando em quantas vidas hão de ter sido salvas por esse produto, pensando na equipe de profissionais que o desenvolveu (que imenso desafio criar algo para a defesa de crianças tão pequenas!), pensando também no misto de dificuldade e alívio das famílias em lidar com tal situação e de ter um recurso pensado com antecedência e amplamente disseminado para enfrentar período tão crítico...

Por quê esse assunto no Mamadeira Nunca Mais?

Pra dizer que os produtos podem sim ser pensados pra nos proteger, e não para nos fazer consumir e nisso nos enganar quanto à sua segurança.

E que o Design -essa atividade que tanto prezo- tem na realidade atual um panorama extenso pedindo por projetos inovadores, pois como diz Paola Antonelli, curadora de Design do MOMA,

"o desafio que sempre se apresenta à profissão é o de contribuir para tornar as mudanças viáveis, compreensíveis e acessíveis às pessoas, provendo proteção e segurança, sem sacrificar a necessidade de inovação e invenção".



domingo, 17 de julho de 2016

Aniversário, duração, continuidade, atuação





Gosto de aniversários. Como está no título, eles são a marcação de coisas que duraram, que continuam e que existem por sua atuação. Isso também se reflete naquela lojinha de rua que, apesar de tantos revezes e de tanto tempo transcorrido, permanece ali, firme e forte (mesmo que às vezes nem tão forte), sinalizando a altura em que estamos naquela transversal, nos garantindo encontrar determinado produto, com aquele vendedor que até já cumprimentamos ao passar por ali, naturalmente.

No ambiente de iniciativas em prol da amamentação, então, a gente vê durarem atuações que questionam toda uma cultura, cultura de consumo, de pressa, de ansiedade. E como essas iniciativas duram :o) ! Grandes, pequenas, imensas, locais, nacionais, globais, duram porque têm consistência. E muito a fazer.

Ontem estive presente à comemoração dos três anos do site "Amamentar é". Foi um encontro super bacana, com falas da mentora da ideia, Chris Nicklas, de seus parceiros pediatras Ana Heloisa Gama e Daniel Becker, com perguntas e participações de um público interessado e cheio de experiências e questões a compartilhar.

O tempo é muito bem empregado quando dedicado a conversas assim. É dar a merecida importância àquilo pelo que tantas vezes se "passa batido" na correria dos dias.

Muitos anos de vida à atenção e cuidado com a vida.

domingo, 19 de junho de 2016

Uma exposição perturbadora




Estou chegando da exposição Com-ciência, da artista Patrícia Piccinini, de Serra Leoa.

Eu resisti um pouco a dedicar tempo em visitá-la. Achava que os trabalhos giravam muito em torno de conceitos fantasiosos, e não me interessam muito as produções fantasiosas...

Mas fiz bem em comparecer, porque logo entendi tratar-se de uma crítica a essa coisa doida de delegarmos aos produtos e às coisas tarefas que são nossa responsabilidade. No meu entender, a artista faz as seguintes indagações: o que acontecerá se a ciência prosseguir no caminho de gerar frutos que venham a nos servir de alguma forma? Que nível de autonomia os produtos poderão atingir? E que novo plano de vida e de relações poderá resultar disso?

Além das já costumeiras fotos tiradas pelos visitantes da mostra - o que prossigo estranhando e desgostando - reparei no encantamento das crianças com os seres de Patrícia. Quanto mais esquisitões e diferentes, mais seus olhos brilhavam de encantamento e afeto, mais eles queriam deles se aproximar.

Então cheguei à escultura mais aflitiva da exposição, o ser que amamenta o bebê.



Alimentar bebês é uma tarefa que tantas vezes, e há tanto tempo, a cultura do consumo nos conduz a delegar. Às mamadeiras. Aflitiva porque aqui se delega a amamentação a um ser geneticamente projetado para fazê-lo. Quanta tristeza nessa figura, quanta distância nesse olhar, que projeção terrível chegarmos a cogitar que as coisas um dia poderão chegar a esse ponto...



A partir daí fui vendo a tudo como um substitutivo de nós, de nosso afeto e cuidado. E compreendendo muito bem o quanto as crianças receberiam amorosamente esses seres. Se elas teriam algo a perder? Provavelmente, mas encontrariam um ponto bom de equilíbrio.  Já os adultos teriam muito, muito a perder ao ceder esse lugar de aconchego e proximidade com seus pequenos a esquisitos mas encantadores servos da mentalidade contemporânea.

A exposição se encerra no próximo domingo. Recomendo.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Um produto maravilhoso



O post de hoje é dedicado a falar bem, muito bem aliás, de um produto. Trata-se de uma girafinha de látex natural, projetada na França dos anos de 1960, que se tornou pra mim o melhor presente a ser ofertado aos pais grávidos. Caso ainda não a conheçam, apresento-lhes Sophie, la girafe.

Ela é toda fofinha, um produto que, à primeira vista, pode parecer algo muito comum. Mas não é comum, é simples e genial.

O atributo mais legal de Sophie é que sua cabeça serve pra coçar a gengiva dos bebês, sem causar dano nenhum.



Ela tem dimensões adequadas à pega das crianças, é pintadinha com tinta atoxica... e é linda :o)



Eu não sou contratada pra fazer publicidade de Sophie, porque falar bem dela a gente fala de graça.

Só destaco um defeito no produto: ele não está à venda no Brasil...

Quem me apresentou a girafinha foi um casal amigo de minha filha. Eles vieram jantar aqui em casa há alguns anos com seu bebê, que chegou agarrado com esse brinquedo adorável.

Daí pra frente, quando viajo ou sei que alguém o fará, peço que me tragam. Não custa caro, só mais ou menos, algo plenamente possível como presente para um bebê que chega a esse mundo.

Aliás, preciso refazer meu estoque.

Que maravilha existir um produto simples, eficiente, inteligente, desde tanto tempo! Recomendo a todos :o)

Acabo de receber a notícia de que em São Paulo há como comprar a girafinha. Vejam o link http://www.sophielagirafe.br.com/


sábado, 28 de maio de 2016

Números



Ontem, em conversa com uma amiga, nos vimos intrigadas com o poder dos números. Trinta, foram trinta caras que estupraram a menina.

Essa contagem vem sendo feita em vídeos a que assisti então desde cedo no Facebook, representando essa violência superlativa. Mesmo o número um seria abominável.

Não seria: é. No telejornal da manhã ouvi que, no Brasil, a cada 12 minutos acontece um estupro. Numa conta grosseira, 4 por hora x 24 = 96 estupros por dia.

Números ..., números tantas vezes são assustadoramente grandes, mas os abstraímos. Quando se concentram sobre uma só vítima, se revelam para além, muito além da "medonhês" possível. Mas quando esparsos, pulverizados, de alguma maneira se acomodam em seu estatuto de índices.

Mulheres...

Repito aqui a frase retirada do artigo sobre os índices mundiais de amamentação publicada na revista científica The Lancet e citada em meu recente post "Por que amamentar?":

"A melhora nas práticas de amamentação poderia prevenir, a cada ano, as mortes de 823.000 crianças menores de 5 anos e de 20.000 mulheres por câncer de mama". 

Essa criançada toda morre por ano; essas mulheres todas adoecem por ano.

Além de nos colocarmos contra a cultura do estupro, acho que precisamos também nos colocar contra a cultura do consumo, que nos aparta de nossas capacidades naturais e da necessária paciência e cuidado para lidar com elas. A publicidade vai nos seduzindo a acatar os conselhos de indústrias que querem lucrar apelando para o espaço vago de que dispomos por dentro, vago de cuidado, de autoconfiança, de parceria e ajuda entre pessoas conhecidas.

Comprem!, comprem!, nossos produtos são superiores e lhe trarão conforto e independência. Nós garantimos!

Essa cultura do consumo também faz com que a gente tenda a passar batido por outros números, aqueles que revelam a exploração trabalhista dos produtos que consumimos. Pessoas que trabalham 16 horas por dia, encerradas em espaços impenetráveis pela informação, que recebem centavo, ou mesmo fração de centavo, pela confecção de uma peça que nos é oferecida a preços "módicos" pelas grandes marcas.

A gente passa batido por tanta coisa, porque é tanta coisa gritando que não dá nem mais pra ouvir...
E no dia seguinte a gente precisa ter forças pra seguir, afinal.

Seguir
Mas não com trinta,
Não com 96 estupros por dia,
Não com 823 mil crianças mortas por ano,
Não com 20 mil mulheres adoecidas
Não com tantas vidas usurpadas pelo ritmo explorador das grandes corporações,
Nem com devastações de espaços naturais, acabando com o habitat de espécies e utilizando mão de obra infantil,
Tampouco com esse monte de outras coisas de que você se lembrou agora lendo isso.

Nosso mundo... eu queria pegar ele nas mãos, com todo o cuidado, e tratar de suas imensas feridas. Mas eis um trabalho que só se pode fazer em conjunto.

Talvez, se lembrarmos desses números todos os dias e procurarmos dar a nossa marca a cada uma de nossas escolhas e ações diárias, adiante um pouco.

Ao menos seremos muitos.

sábado, 21 de maio de 2016

Uma consideração sobre a indústria de cuidados aos bebês

Encubadoras, França - 1897 . www.neonatology.org


Reproduzo no post de hoje o artigo que apresentei no Encontro Nacional sobre o Bebê, ocorrido na PUC-Rio, em out/nov de 2015.



A cada momento surgem mais produtos que prometem tornar prática e segura a tarefa de cuidar de bebês. Alimentação, higiene, estimulação pedagógica e mobilidade são alguns dos setores do universo infantil para os quais a indústria dedica esforços de projeto, produção, marketing e distribuição, contando muitas vezes com a parceria do Design e alcançando resultados admiráveis de penetração e venda. O presente trabalho se propõe a avaliar criticamente alguns desses produtos, de modo a agregar argumentos para a reflexão sobre hábitos culturais instalados nas práticas cotidianas de cuidado infantil, a partir da análise de seus impactos sobre a sociedade e o meio ambiente.

There is a constant offer of products that promise to make the task of caring for babies safer and more practical. Food, hygiene, educational stimulation and mobility are some of the sectors of the infant universe for which the industry dedicates design, production, marketing and distribution efforts, relying often in a partnership with Design and achieving admirable results of penetration and sales. This paper aims to critically assess some of these products in order to add arguments to elaborate on installed cultural habits in daily practices of child care, based on the analysis of their impacts on society and the environment.

Palavras chave: cultura industrial – produtos infantis – desdesign
Key words: industrial culture – children’s products – un-design



Para introduzir esse artigo, relato o encontro que tive em 2012 com o Dr. Héctor Martinez, pediatra colombiano, membro da equipe[1] que concebeu o Método Mãe-Canguru, mundialmente reconhecido e adotado por salvar a vida de muitos bebês prematuros.
No Instituto Materno Infantil (Bogotá - final da década de 1970), os bebês prematuros e de baixo peso eram colocados em incubadoras, onde recebiam sondas, respiradouros e alimentação com fórmulas lácteas. Poucos sobreviviam. A equipe de pediatras observou que as mães ficavam apartadas dos cuidados aos bebês, apenas podendo vê-los através do vidro da unidade neonatal da instituição. 
Desejosos por alterar aquele quadro, esses médicos decidiram coletar o leite das mães para oferecê-lo às crianças. A ingestão de leite humano, como se esperava, melhorou a capacidade vital dos pacientes e os índices de alta hospitalar subiram. Mais adiante, esses médicos se inquietaram com o fato de que, sob essa nova conduta, as mães ainda permaneciam distantes de seus filhos durante o tratamento. Então, contrariando o protocolo de segurança em vigor em hospitais, a equipe ousou convidar as mulheres a entrarem na UTI para amamentar seus filhos, o que melhorou ainda mais a perspectiva de vida dos pequenos. Por fim, e mais adiante ainda, os pediatras perceberam que, com um eficiente controle ambulatorial, para muitos daqueles bebês a incubadora poderia tornar-se dispensável. Bastava que suas mães os mantivessem permanentemente junto ao seu corpo, levando sua vida normal: o contato pele a pele era mais eficiente para aquecê-los, a batida do coração da mãe ritmava a dos pequenos, o acesso livre à amamentação os alimentava, e o amor da mãe ou do familiar que assim o acolhesse surtiria excelentes efeitos para o seu desenvolvimento.

O método consistiu da retirada de tudo aquilo que se interpunha entre a mãe e o bebê, de tudo aquilo que havia se “naturalizado” como cuidado. Como observa o Dr. Luís Alberto Mussa Tavares:
O colo materno ameaçava todo um marketing construído em torno da infalibilidade das incubadoras modernas e sedimentado, entre outras práticas, pelas famosas exposições públicas de prematuros vivos, eventos que ganharam popularidade na Europa e nos EUA no início do século XX. O programa colombiano Mãe Canguru resistiu, enfrentando todo tipo de ataques e suspeitas (...). Nascia assim, para o mundo, uma nova esperança de cuidado e envolvimento. Pela primeira vez o amor tornava-se uma palavra de uso clínico. A dopamina ganhava um ilustre concorrente. A incubadora, um desafiante à altura (Tavares, 2010: 212-213).
Sob a inspiração desta narrativa, esse artigo convida à consideração de alguns produtos industriais hoje absorvidos nas práticas familiares de cuidados aos bebês. Uma análise crítica desses produtos, desde seus aspectos formais, funcionais e de uso (posto de observação do Design), poderá trazer elementos úteis para a reflexão sobre continuidade e descontinuidade na família, objeto de estudo da Psicologia.

A mamadeira é um utensílio corriqueiro do universo de produtos voltados para o bebê. Sua imagem funciona mesmo como um ícone da primeira infância. Uma grande diversidade de modelos de mamadeira encontra-se disponível no mercado, e toda essa atualidade também se expressa nas fórmulas lácteas. As bonecas vêm acompanhadas por mamadeiras. Conforta-nos a ideia de que, aos poucos, o bebê irá manusear de maneira autônoma sua mamadeira. E como aprendemos a confiar nos fabricantes desses produtos, inseridos que estamos na cultura industrial, acreditamos naquilo que as empresas nos dizem em suas propagandas e sites. A vida é muito agitada, precisamos de soluções práticas e de informação sucinta e direta.

Desafortunadamente, uma pesquisa rápida é capaz de desmentir o parágrafo anterior. Não se questiona aqui o fato de que uma maneira alternativa de alimentar bebês se faz eventualmente necessária e nem se pretende ditar modelos de comportamento a mães e familiares. Apenas demonstrar que um olhar crítico para esse utensílio insuspeito pode desmantelar sua consagração e nos fazer ver a que nível estamos absorvidos pelo hábito de confiar nos produtos.

A primeira mamadeira industrial surgiu na Inglaterra, nos anos de 1880[2]. Um vasilhame de vidro, tampado por uma rolha atravessada por um fino cano de metal, permitia que as crianças se alimentassem com independência, desde que sentadas. Naquela fase, de cada dez bebês que a utilizaram, apenas dois ultrapassaram os dois anos de vida. O problema mais flagrante era que esse cano, de tão fino, se revelava impossível de limpar.


Em 1939, a Dra. Cicely Williams apresentou artigo em evento científico sob o título “Leite e homicídios”, no qual responsabilizava o uso de leites artificiais em mamadeiras pelas altas taxas de mortalidade infantil. Vários outros estudos se seguiram até que, no início dos anos de 1970, a organização caritativa britânica War on Want (cuja tarefa era arrecadar donativos para as populações mais pobres do mundo) decidiu investigar o caso, enviando o jornalista Mike Muller para as localidades agraciadas pela organização. Em 1974 foi publicado o relatório “The baby killer”, que denunciava as estratégias das indústrias de leites artificiais e mamadeiras nos países do então chamado “Terceiro Mundo”, causadoras do desmame precoce, adoecimento e morte de crianças.


Em 1979, sob o impacto deste relatório, operou-se uma mudança de paradigma: o consenso científico internacional passou a reconhecer a superioridade do leite materno. Hoje, capitaneados pela Organização Mundial da Saúde, 168 países são signatários do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno (1981), e estão comprometidos a apoiar, proteger e promover a amamentação, contra as incursões da indústria. A IBFAN[3] é a rede internacional de monitoramento do código, e a WABA[4], fundada em 1991, é a organização “guarda-chuva” que abriga as diversas iniciativas em prol do aleitamento, além de estabelecer as diretrizes para a comemoração anual da Semana Mundial do Aleitamento Materno.

O fato é que, independentemente do poder econômico ou do nível de escolaridade das famílias, a chegada de um bebê muda rotinas e pressupõe imprevistos. Para garantir que as bactérias do leite não se proliferem, as mamadeiras exigiriam sempre limpeza perfeita, além de água pura para hidratar o leite em pó. A mamadeira, porém, é composta de várias partes, conectadas por roscas que constituem o ambiente ideal para a proliferação dessas bactérias. Além disso, por mais que os fabricantes sofistiquem a sua forma, procurando aparentá-la ao seio materno, a mamadeira exige que o bebê deixe de projetar a língua para fora da boca (movimento inicial do processo de sucção, reflexo neurológico instintivo) e a eleve até o céu da boca, de modo a conter periodicamente a vazão de alimento para poder respirar. Tal alteração terá grandes chances de atrapalhar o desenvolvimento natural de sua arcada dentária (provocando a mordida aberta, que futuramente dependerá de aparelhos ortodônticos para a sua correção), gerando reflexos no sistema respiratório (respiração bucal, conduzindo o ar frio e impuro aos pulmões)[5].

Sob a influência da cultura industrial, nos distanciamos cada vez mais do conhecimento acerca dos sistemas naturais que ensejaram os produtos que consumimos. Produzido na hora, o leite humano é reconhecido como o “melhor alimento do mundo” tal a complexidade de sua composição e riqueza em anticorpos. Absorvido com facilidade pelo organismo em formação do bebê (a proteína do leite de vaca é estranha ao organismo humano, exigindo muito mais esforço para a digestão), o leite e o seio maternos dispensam embalagens, rótulos, transporte, medição, esterilização, descarte e já contém toda a água necessária à hidratação do bebê pelos seis primeiros meses de vida, desde que oferecidos em livre-demanda.

A atuação dos profissionais de saúde comprometidos com a transmissão desses conhecimentos depara com a força da cultura industrial instalada e reforçada pelo poder da indústria. Surge daí uma polarização entre a defesa da prática da amamentação e a adesão à continuidade de um padrão de consumo herdado de gerações anteriores. Os dados da OMS/Unicef, embora disponíveis, são suplantados pelo discurso promocional de marcas produtoras da alimentação artificial[6].


As chupetas provocam impacto fisiológico análogo ao das mamadeiras. Faz parte da experiência comum a todos aquela cena em que, ao oferecermos pela primeira vez o produto aos bebês, eles o rejeitam. Isso acontece porque o movimento natural de sucção, como já dito, projeta a língua para fora da boca.  Caso o bebê “pegue” a chupeta, aprendendo a retê-la por intermédio de novos movimentos de língua, isto acarretará um fenômeno denominado “confusão de bicos”, causa de desmame precoce de bebês.


Como a mamadeira, a chupeta também é símbolo de infância, acessório de bonecas, e constitui um recurso consagrado para acalmar crianças. Disponível em muitos modelos, o produto recentemente foi alvo de alarme público devido à sua customização com cristais e paetês, uma vez que as peças podem se soltar e provocar “grave sufocamento e engasgo, que inclusive pode levar a óbito”[7]. Independentemente dos riscos causados pelos enfeites, o uso da chupeta também conduz à formação futura de clientes para aparelhos ortodônticos.






Derivativos formais das chupetas, os alimentadores surgiram recentemente no mercado de cuidados industriais infantis. Destinam-se a facilitar o processo de introdução de novos alimentos na dieta das crianças. São como chupetas grandes, nas quais podem ser introduzidos pedaços de frutas etc. Abocanhando o grande bico de silicone, as crianças têm acesso ao seu conteúdo já macerado, liberado pelos orifícios. O contato com o gosto original dos alimentos, sua consistência e aparência é assim substituído pelo sorver de uma “papa”, antecedido pela textura da matéria plástica.



Voltando a atenção para os produtos de higiene infantil, chegamos à fralda descartável. Até que ela surgisse como solução para conter os excrementos dos bebês[8], a fralda de pano era o recurso empregado pelas famílias. Uma existência tão recente dos modelos descartáveis (no Brasil desde os anos de 1980), contraposta aos milênios que os antecederam, forneceu tal nível de conforto e praticidade às pessoas que a ideia de abrir mão de seu uso já se tornou inaceitável para muitos.

Numa conta aproximada, um bebê utiliza cerca de seis fraldas por dia nos seus dois primeiros meses de vida, ou seja, 360 unidades. Até que complete um ano, imaginaremos que utilizará quatro por dia (as fraldas cada vez mais suportam a umidade acumulada): esse total será de 1080. Até que complete dois anos, será possível reduzir ainda mais esse uso, digamos para duas unidades diárias: 730 unidades. E a praticidade oferecida pelo produto possivelmente conduzirá ao seu uso eventual por mais um ano, considerando passeios e outras situações especiais: 130 fraldas. O total dessa conta ´é de 2.300 fraldas, por bebê[9].

Além do volume de lixo, real, os branqueadores empregados na confecção dessas fraldas são nocivos à saúde. Eles acabam por atingir os lençóis freáticos ao serem depositados em aterros sanitários; o plástico e demais materiais que compõem o produto podem também causar alergias e assaduras nas crianças.



O berço portátil finaliza essa lista de produtos voltados ao cuidado infantil. De grande utilidade em viagens, leve e desmontável, tem sido incluído em muitas listas de enxoval.


No primeiro semestre de 2015, porém, o berço “Nanna”, da Burigotto (modelo certificado pelo Inmetro), ocasionou a morte de um bebê de seis meses por asfixia, em Minas Gerais. A criança, ao se mexer, posicionou a cabeça no vão entre o colchão e as laterais e extremidades do berço. O material que forra a estrutura, sem trama, não permitiu a passagem de ar. A empresa fez então uma chamada de recall para 252 mil berços e o produto foi retirado do mercado[10]. Meses antes, por pouco outro bebê não precipitou tal medida, sobrevivendo após momentos em que se manteve desacordado[11]. Seus pais se queixaram à indústria, mas apenas a morte de uma criança fez com que a medida de recall fosse tomada.



Confiamos nos produtos industriais. Mas não deveríamos fazê-lo tão cegamente.

Acreditamos naquilo que a publicidade nos diz. Deixamo-nos seduzir pela proposta dos produtos, que tanto corresponde às demandas de nosso dia a dia. Mas, ao contrário do que imaginamos, o produto industrial pode ter defeitos de produção e mesmo de projeto.

As certificações de qualidade e segurança têm o intuito de proteger o consumidor, mas elas não são infalíveis, pois seria impraticável testar todos os produtos fabricados, um a um. O que acontece na prática é a verificação de alguns exemplares dos lotes. Há também uma realidade de mercado que inviabiliza a proibição de alguns produtos, garantindo sua comercialização desde que o fabricante alerte sobre seus riscos na embalagem ou em bulas (que nem sempre são merecedoras da atenção de quem os utiliza). E as marcas, as mais confiáveis, volta e meia nos surpreendem com recalls de produtos que vão de automóveis a brinquedos[12].

Nesse cenário, apresenta-se também como função do Design dirigir um olhar crítico à produção industrial, reavaliando produtos que se consagraram pelo uso, mas que podem causar mal aos seus usuários para, com isso, alertar o público sobre a necessidade de também ele avaliar criticamente suas escolhas.

O universo produtivo da indústria de cuidados aos bebês constitui um caso eloquente da necessidade do Desdesign. Termo cunhado por Victor Papanek nos anos de 1970, Desdesign é a ação de desconstruir soluções projetuais instaladas na cultura, com vistas a checar sua eficiência e adequação a partir da observação de seu uso, equalizando-as ao estágio alcançado pelo saber científico.

A mamadeira pode ser considerada um objeto-símbolo desse descompasso, afeita ao Desdesign por preservar-se em franca ascendência como item de consumo, apesar dos graves problemas e impactos que pode provocar. Segundo Constanza Vallenas, especialista da OMS, “se o índice de aleitamento materno nos seis primeiros meses de vida chegasse a 90%, seria possível evitar cerca de 13% dos dez milhões de mortes anuais de crianças menores de 5 anos”, ou 1,3 milhões de vidas[13].

A Metodologia Mãe-Canguru é exemplar na comprovação de que os aparatos que se interpõem às relações humanas podem ser dispensáveis. A mamadeira não é insubstituível no caso de necessidade de um utensilio alternativo para a alimentação de bebês: o copo ou a colher respeitam a fisiologia da criança e são utensílios muito mais fáceis de higienizar. Chupetas não precisam ser apresentadas aos bebês, e nada melhor do que o contato direto com os novos alimentos ao invés da mediação dos alimentadores. Fraldas de pano em modelos inteligentes, inspirados nas inovações tecnológicas dos modelos descartáveis, estão disponíveis em todo o mundo. Uma caminha no chão ou um cercado de travesseiros podem resolver os pernoites do bebê fora de casa.

O pediatra Carlos González sinaliza que a cultura industrial, com toda a sua intensidade, não gerou mutações no organismo humano: “Até mesmo quando são benéficas, as mudanças culturais podem entrar em choque com características físicas ou de comportamento que são fruto da herança genética, e que não podem mudar da noite para o dia” (González, 2015: 39). Nossa natureza vem sendo formatada pela cultura a acatar -muitas vezes como “próteses”- tantos utensílios mediadores para o cuidado com as crianças. Que o sortimento desses produtos não nos distancie daquilo que somos capacitados a oferecer aos bebês: a proximidade, o alimento que lhes fará bem, uma vida menos instrumentalizada e mais saudável.


Referências bibliográficas
González, Carlos. Bésame mucho. São Paulo: Editora Timo, 2015.
Nunes, Cristine Nogueira. Amamentação e o desdesign da mamadeira. Rio de Janeiro e São Paulo: Editora PUC e Editora Reflexão, 2013.
Papanek, Víctor. Diseñar para el mundo real. Madrid: H.Blume Ediciones, 1977.
Tavares, Luís Alberto M. A mãe canguru e o cuidado com o recém-nascido pré-termo: amor, calor e leite materno. In Amamentação – bases científicas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010 – p.211 -220.



[1] Idealizado pelo Dr. Edgar Rey Sanabria e desenvolvido por Dr. Héctor Martinez Gómez, agraciados em 1991 com o “Prêmio Sasakawa para la Salud”, pela OMS.
[2] https://nourishingdeath.wordpress.com/2013/08/15/murder-bottles/
[3] International Babyfood Action Network
[4] World Alliance for Breastfeeding Action
[5] Os modelos de mamadeira “BPA Free” são confeccionados em plásticos que não liberam o polímero, mas conservam todos os demais problemas listados.
[6] A NBCAL (Norma Brasileira para Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e protetores de Mamilo) estabelece a obrigatoriedade de avisos de advertência nas embalagens e propagandas desses produtos, mas eles são superados pelo projeto visual das peças ou dispõem de fração de tempo mínima em filmes promocionais.
[7] http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/inmetro-proibe-chupetas-mamadeiras-customizadas-17781362?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo
[8] https://fraldadepano.wordpress.com/2008/01/03/a-historia-da-fralda-descartavel/
[9] Vale sinalizar que as meninas terão cerca de 40 anos de vida fértil, consumindo aproximadamente 10 absorventes higiênicos descartáveis por mês, o que totalizará 4.800 unidades, por menina.
[10] http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/06/burigotto-faz-recall-de-252-mil-bercos-apos-alerta-de-risco-de-asfixia.html
[11] Vídeo em http://entretenimento.r7.com/programa-da-tarde/videos/patrulha-mostra-as-falhas-de-berco-em-que-bebe-morreu-asfixiada-05062015
[12] A indústria automotiva é campeã mundial de chamadas de recall, e a Mattel já foi responsabilizada, em 2007, pela presença de imãs na boneca Polly Pocket (que em par se encontravam no organismo de crianças provocando perfuração intestinal) e presença de chumbo em tintas de acabamento de vários produtos. http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL87766-9356,00-MATTEL+FAZ+RECALL+DE+MIL+BRINQUEDOS+NO+BRASIL.html