domingo, 29 de dezembro de 2013

Promessa para 2014

Estive aqui pensando... sempre tive paixão por essa ilustração de Carter Goodrich, feita a lápis de cor. Inclusive foi ela que usei de base para todos os exercícios realizados na aula "Técnicas de Ilustração", ministrada por Amador Perez na PUC, que cursei há não muito tempo como ouvinte, ao lado dos alunos do curso de Design.



Minha promessa para 2014 é tentar trabalha-la para obter um novo pano de fundo para o blog. Afinal, o desenho tem tudo a ver com o que falamos aqui, não?, ameaças ocultas às crianças.

Os problemas das chupetas






Meu post de final de ano divide com os leitores do blog um artigo sobre os impactos negativos das chupetas.

Durante a pesquisa sobre as mamadeiras, deparei com o fato de que as chupetas provocavam estragos muito semelhantes, mas as exigências acadêmicas me conduziram a focar em apenas um produto.

Neste artigo, "O que toda mãe (e pai) deveria saber antes de oferecer uma chupeta para seu bebê", escrito por Andreia Stankiewicz, odontologista, encontramos argumentos consistentes que devem ser conhecidos antes de uma decisão cultural (automática, acrítica) de oferecer uma chupeta (pacifier, em inglês) a um bebê. Ele está no blog de Ligia Moreiras Sena, "Cientista que virou mãe".

 
Como colaboração, trago informações sobre a chupeta Pacidol, descoberta por minha filha em uma viagem à França. O produto consegue piorar ainda mais a situação, por oferecer água açucarada (a ser sugada por intermédio da chupeta). Ela me trouxe de "presente" uma caixa, para a minha coleção de "Baby killers": http://www.eurekasante.fr/parapharmacie/vidal/produits-id12749-PACIDOL.html

Durma-se com um barulho desses e uma excelente entrada em 2014!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Valeu Papa Francisco!

Chego em casa e sou informada de que Papa Francisco defendeu que as mães amamentem em p´´ublico :o)

Valiosas palavras que hão de repercutir mundialmente, independente de crenças. ´´E disso que precisamos, de vozes que repercutem, dizendo coisas importantes :o)

Veja:
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/12/19/em-entrevista-papa-francisco-defende-o-aleitamento-materno-em-publico.htm

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Resenha de "Amamentação e o desdesign da mamadeira" em revista online de Design

É com muita satisfação que compartilho aqui o link do segundo release publicado sobre o meu livro.

Desta vez, a jornalista especializada em design Ethel León é a autora.

Agradeço por sua análise e acredito que ela colabore, em muito, para referendar o assunto junto às escolas e profissionais do Design.

http://www.agitprop.com.br/?pag=leitura_det&id=183&titulo=leitura

A Revista Agitprop é uma publicação de referência para a área e recomendo também que seja feita a leitura da matéria sobre a proibição dos andadores infantis, neste mesmo número.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Um, do, lá, si ... já!

Não sei porque, mas era assim que a gente contava, com os olhos bem apertados e tapados pelo braço, quando brincávamos de pique-esconde. E essa foi a lembrança que me veio hoje cedo, quando pensava na maneira que poderia encaminhar esse post.

Pique-esconde é uma brincadeira. É fácil e divertido sair procurando aqueles que se esconderam. E cada encontro, cada descoberta de esconderijo, desata a alegria nas crianças.

Mas não é difícil também a gente se propor a entender outros esconderijos... O que proponho aqui e agora, nós poderíamos nomear de uma grave "brincadeira corporativa".

Primeiro assista a esse vídeo de uma cientista russa, contando sobre o quão preocupante é o fato de as mulheres não amamentarem em seu país, e o quanto a mamadeira AVENT, da Phillips, tem ajudado as mães a amamentarem seus bebês. Mas guarde esta última frase, tá?:
http://bit.ly/baby-russia

Agora observe esta imagem, o lançamento da máquina NESPRESSO de preparação de mamadeiras (!), lançada acho que em 2011. Note que as mamadeiras são da marca AVENT também.



Pra quem não sabe ainda, informo que a NESpresso é da NEStlé (!). E convido a revermos aqui o anúncio em que George Cloney, ator muito conhecido por sua capacidade profissional, beleza e por seu engajamento político e social, é o protagonista:

http://www.youtube.com/watch?v=CIbwrwWDXfc

Daí vem a pergunta: será que ele sabe com quem está lidando? A lógica nos faz esperar que uma figura pública há de estar de acordo com os princípios da empresa para a qual faz publicidade.... É mesmo difícil pra gente entender a conformação dos conglomerados corporativos. Só que as pessoas envolvidas com a produção/comércio/venda desses produtos não poderiam estar alheias a ela. Este quadro não é atualizado, mas a NESPRESSO está lá e não me surpreenderia se descobrisse íntima ligação entre a Nestlé e a Phillips (AVENT):


Daí, pra colocar ao lado do primeiro anúncio que vimos aqui (mamadeira AVENT), eu chamo uma publicidade não muito antiga da Nestlé (2008). Composta por comercial para TV e anúncios impressos em revistas de grande circulação, a empresa se dizia a favor do aleitamento materno. Mas vejamos como (!):


 
A pergunta que fica é:
É possível se proclamar a favor da amamentação fazendo justo o contrário?, ou seja, incentivando o consumo de leites artificiais e mamadeiras?
É!
E é essa "brincadeira corporativa" que nos convocam a jogar...
 
Só pra ficar bem claro que, por milhares de motivos, a mamadeira é um produto nocivo, recoloco aqui as imagens que ilustram um de seus impactos, o fisiológico: para se alimentar por mamadeira, o bebê precisa anular tudo o que a natureza lhe deu de domínio da sucção (projeção da língua para fora, de maneira a estimular a saída de leite do seio) para elevar a língua até o céu da boca, acionando o bico da mamadeira.
 
 
 Pique-esconde é pra crianças, pra gente. Não pra manipular e zombar da vida das pessoas em prol de interesses comerciais. A única coisa que pode nos proteger é a informação. Portanto, nada de fechar os olhos pra contar, porque com isso não se brinca. 

domingo, 15 de dezembro de 2013

Desobediência civil


Compartilho este texto que recebi hoje de uma amiga mexicana, Ana Charfén.

Ele é bastante expressivo da situação em que se encontram hoje as mulheres que amamentam: um misto de enfrentamento e resistência ativa.

Não gosto da arma que aparece no cartaz. Acho que um escudo ou algo assim seria mais adequado...


http://humanamenteincorrecta.blogspot.com.es/2012/10/amamantar-un-acto-de-desobediencia-civil.html?m=1

E vejam que bom esse vídeo mexicano!
https://www.facebook.com/photo.php?v=623607737702908&set=vb.470382373025446&type=2&theater

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Quanta coisa....


Muitas coisas têm acontecido nos últimos dias:

- Uma matéria na Pais & Filhos acabou sendo retirada da revista online, provocou a retratação dos editores após firme manifestação de pessoas ligadas à defesa da amamentação, seguida de cartas da SBP e da Unicef em repúdio ao incentivo do texto ao consumo de fórmulas infantis por mamadeira, na "voz" de um personagem bebê;

- Manifestações também contra a naturalidade com que a ideia de dar mamadeiras aos filhos foi abordada em uma publicidade dos Supermercados Zaffari, do RS;

- O discurso altamente questionável e falacioso do Dr. José Bento, ginecologista que assessora (!) o programa Bem Estar, da TV Globo, numa série sobre as fases da gestação, em que "conselhos" absurdos foram dados, como passar limão nas mamas ou dar complemento a bebê prematuro (quando este estava bem orientado por seu pediatra a ter acesso em livre demanda à amamentação), só que de colherzinha. Eu assisti isso e, na hora, liguei pra TV Globo para fazer uma queixa. A pessoa me pediu todos os dados, me ouviu um pouco e, quando me dei conta, a ligação caiu. Caiu? É preciso ter muita atenção com discursos pretensamente pró-amamentação, pois eles podem, na verdade, dizer o contrário do que aparentam.

- a leitura que fiz de um boletim da IBFAN, de 2012: "Lucrando com o leite materno? Da ama de leite para os bancos de leite e para a distribuição pela internet", de Gillian Weaver, cujo link é http://www.ibfan.org.br/documentos/aa/doc-759.pdf. Impressionante e revoltante a capitalização da orientação da OMS, pois muita gente pelo mundo vem dando leite materno sim, só que ordenhado com bombas tira-leite (comércio) e administrado por mamadeiras (comércio). E muitas outras notícias que demonstram o quanto estamos cegados pela cultura industrial.

- Também me deparei, em conversas que tive em São Paulo, com temas como a terceirização da infância, a violência obstétrica, um mundo de complicadores que clamam pela atenção e ação de todos, a nível pessoal e coletivo.

E na noite de ontem, a entrevista do Dr. Daniel Becker ao programa Roda Viva veio dar um alento, tocando direto nos problemas e trazendo uma posição comprometida e sensata a esse momento muito louco que estamos vivendo.

http://tvcultura.cmais.com.br/rodaviva/roda-viva-discute-saude-da-crianca-e-educacao-dos-filhos-nos-dias-atuais

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

As fotos de São Paulo


Com a jornalista Ceila, Ana Basaglia (minha anfitriã) e Rosana De Divitiis, autora da apresentação do livro.


Parte da turma que compareceu. Em pé: Mário e Rosana, Ana, eu, Terezinha (Bauru), Cacá. Sentados: Flávia, seu menino e suas meninas, Fabíola Cassab e a filha de Rosana e Mário.


Caroline Dias, a minha editora (Editora Reflexão).






Na reunião da Matrice, na Casa do Brincar, com essas lindas mães e seus bebês :o)

domingo, 8 de dezembro de 2013

Para George Clooney

Escrevo este post para George Clooney na esperança de que a citação de seu nome o faça algum dia chegar à seguinte pergunta (nesse meu inglês macarrônico):

George Cloney, do you know that Nespresso is a Nestlé's company? And do you know about Nestlé?
 I think you don't know...

E assim foi :o)


Na quinta-feira, dia do lançamento do livro em São Paulo, eu até achei que fosse desmaiar no Aeroporto Santos Dumont, de tão quente que estava no Rio. No avião, veio o refresco do ar-refrigerado, mas durou pouco: São Paulo estava tão quente quanto o Rio e ... choveu, choveu muito forte. Isso fez com que muita gente não tenha conseguido comparecer à Livraria da Vila.

Uma pena, mas isso não apagou o bacana do evento. Teve gente que chegou lá antes mesmo de a chuva cair, gente que a enfrentou e aqueles que apareceram depois de a chuva dar uma trégua. O resultado foi uma noite memorável, colorida por pessoas importantíssimas pra mim, gente nova muito legal, bebês dentro e fora das barrigas de suas mães e crianças de várias idades pra alegrar a festa :o)

No dia seguinte, participei da roda de mães da Matrice, na Casa do Brincar, e à noite saí pra jantar com uma amiga até então virtual (!).

Desses encontros e das intensas e incríveis conversas que rolaram, muitas novas informações, conscientizações e reflexões surgem pra mim.

Uma delas é que quando uma mulher engravida, vem na cabeça a ideia de que ela terá que parar sua vida produtiva: mais cuidados durante a gestação que podem influenciar em seu trabalho, a licença maternidade e o tempo que a partir daí dedicará aos cuidados com o bebê, em todas as suas fases. Quando ela não é empregada em algum lugar, o terá que parar permanece, diga-se de passagem.

Eu pensei desse modo nos meus tempos de gestação. Me embaralhei toda pra enfrentar esse momento, pois me pesava de todas as formas esse parar. E no momento de ter que voltar pro trabalho, com o final da licença, todas as mães me compreenderão quando eu revelar que eu queria ficar parada pra cuidar da minha filha, céus.

Parada. O que acontece com a gente, que a gente embarca tão de cabeça nesses valores inventados pela cultura, transmitidos pela mídia e reproduzidos pela sociedade? Serão esses realmente valores? O que representa esse ficar parada? Caramba, ao termos filhos e zelarmos por eles estamos exercendo uma das coisas mais valiosas que cabe a nós fazer!

Eu amo o senso crítico. Se pudesse, eu me casaria com ele (!) Mas como é difícil a gente pensar criticamente recebendo tantas informações que nos doutrinam pro lado dos interesses daqueles que querem nos ter bem domados, obedientes às suas ordens....

E é por essas e outras que percebi a dimensão política da maternidade. E o quanto ela vem sendo exercida pelas mulheres. Porque o significado de ter um filho acorda na gente coisas que estão para muito mais além do que a força da informação que nos cerca. Eu poderia aqui citar palavras como o amor, mas recorro a outras, como a responsabilidade, o compromisso, o bom senso, a integridade, esses sim valores. E nisso incluo também, claro, os pais, homens que se transformam completamente sob a égide dos mesmos sentimentos, embora eu saiba que muitas mulheres e homens têm filhos e permanecem absortos em seus mundos anteriores, sem abrir espaço pra essa revolução.

Quem me conhece, sabe que sempre procurei uma bandeira, algo pra poder balançar, algo pelo que lutar. Mas nunca me interessei suficientemente pelo que se me apresentava, pois política, pra mim, é direito e dignidade. É inventividade também. É poder de inovar, mesmo que a inovação consista em simplesmente reconhecer que aquilo de que dispúnhamos, lá atrás, é o mais genial, o indubitavelmente melhor.

A vida é dura. E qualquer vivente sabe disso.

A felicidade até existe, mas precisamos ser muito espertos para percebê-la e valorizá-la nos momentos fugidios em que ela nos visita.

E daí já tive outra ideia e vou colocar aqui um poema que escrevi para Marise Maio. Meu livro é dedicado postumamente a ela, que morreu precocemente, não sem antes me proporcionar uma amizade intensa, interrompida, recuperada e plena de admiração. Acho que o poema fala um pouquinho da maneira com que a chegada de um filho pode nos dotar para uma revolução, do jeito que uma revolução pode e deve ser:

 
Lutar não há de ser esperar
Não há de ser armado
De ser preparado, lutar

Lutar não há de ser ataque
Nem de ser defesa
Tampouco há clareza em lutar

Não é briga de foice
Nem com flores lutar não dá
Há de ser tonteira
Dúvida, vontade
Há que ter coragem, lutar.

E é isso. Nessa viagem eu me deparei com gente ativa, que luta há muito ou pouco tempo contra o engodo das indústrias de leites artificiais e mamadeiras, contra a violência obstétrica, contra a cultura que quer nos pasteurizar, contra a terceirização da infância e a infância invizibilizada, contra as tendências comerciais, em defesa de reais valores.

Não vou citar o nome de ninguém. Só mesmo dizer: muito obrigada.
(problemas com inserção de imagens me impedem de colocar lindas fotos aqui...)