domingo, 15 de julho de 2018

Vida real



Na última semana tivemos notícias de extrema gravidade sobre os assuntos de interesse desse blog:

- a tentativa de Donald Trump de desestabilizar a resolução da ONU em apoiar, promover e incentivar o aleitamento materno;

- a retirada do mercado de lotes de fraldas descartáveis Turma da Mônica, um recall de fraldas - fato inédito até onde eu sei;

- a condenação da Johnson & Johnson por usar amianto em talco, isso está acontecendo há muito tempo.

Quanto a Trump, a iniciativa tresloucada não chega a surpreender diante de tudo o que ele vem fazendo. Mas o que desejo comentar é que o assunto chegou aos telejornais das redes de TV tão cuidadosas em preservar a indústria de fórmulas infantis pelo fato de ela ser um de seus fortes anunciantes. O fato abriu chance para os jornalistas dizerem -do jeito que lhes é possível dizer, que lhes é permitido dizer nessas grandes redes- que essa indústria foi uma das maiores investidoras de sua campanha à presidência dos EUA. Essa foi a informação de fechamento da ótima matéria que assisti na Globo News.

Sobre o recall das fraldas Huggies, da Kimberly-Clark Brasil, divido com vocês a informação de que o fabricante, não só ele como vários outros, recorrem a universidades para contratação de pesquisas que legitimem seus produtos, suas estratégias de projeto e de marketing. É um sistema meio velado que pode trazer bons e maus resultados.

E sobre o uso de amianto no talco, não muito recentemente fui a uma palestra sobre o assunto e reproduzo aqui algumas de minhas anotações: O amianto ou abesto é um tipo de "cabelo" da pedra, misturado com argila, gerando um material que não pega fogo, utilizado para isolar as máquinas desde a Revolução Industrial e em navios durante a II Grande Guerra. Hoje quem o utiliza são os países asiáticos e o Brasil é o terceiro maior exportador do material misturado ao cimento. Aqui ele foi muito usado em telhados de casas populares, mas hoje é banido em 11 estados. Ele provoca placas na pleura de quem o fabrica ou com ele convive em telhas e outros produtos. Em Goiás há uma mina de amianto, contra a qual diversas organizações lutam, esbarrando no terrorismo do desemprego pregado pelas empresas que argumentam que "o amianto brasileiro é melhor e não faz tanto mal". Mas a OMS afirma: não há nenhum limite seguro de exposição ao material. Veja em Associação Brasileira de Expostos ao Amianto.

Isso é o que veio à tona. O que mais não vem à tona? Produto industrial pode ser bacana
, mas ele não é virgem, não é perfeito, não é inocente.

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