domingo, 3 de junho de 2018

Estudar é preciso



Assisti à primeira temporada da série australiana Turma do peito (The Letdown), disponível na Netflix.

Minha primeira reação foi ficar atônita com a situação desesperadora daquelas famílias, mas depois fui acatando o fato de que ter filhos hoje é completamente diferente de há 30 anos atrás, quando passei pela experiência.

Eu sempre quis ser mãe e isso foi acontecer láááá quando pensava-se ser o limite final para isso (eu engravidei com 29 anos e com 30 anos isso se tornava muito perigoso). Tive baixa de progesterona, tendo que colocar supositórios diários que vinham de São Paulo. Fui proibida de encarar a hora do rush, indo e voltando do trabalho no centro do Rio de táxi, em horários alternativos. Tive baixa séria de ferro, cuidando super da minha alimentação e tomando injeções diárias nos últimos três meses e tendo que escalar minha irmã para uma possível necessidade de transfusão na hora do parto. Queria parto normal, mas o obstetra me enganou, dizendo que eu tinha um problema que eu nunca tive e que meu bebê correria sério risco caso não optasse pela cesariana. Essa foi a gravidez: tensa, crédula e longa.

Na segunda temporada da série, à qual ainda assistirei, a personagem principal terá um segundo filho e, então, a fase de espera de um bebê será certamente contemplada. Mas a primeira temporada tratou de bebês nascidos. Então faço um parágrafo de como isso foi pra mim, há quase 30 anos, pra depois comentar sobre os dias de hoje.

"Entrei numas". Marquei o parto pro dia 7, às 7h, exatamente um mês depois do aniversário de meu marido (sempre simpatizei com o número 7!). Acordei na maior paz. Minha filha nasceu às 7:12h e foi naquele momento que eu comecei a realmente curtir a ideia de ser mãe (porque antes disso tinha sido muito stress). Ficamos três horas separadas, foi um suplício. Mas quando ela chegou ao quarto, eu a coloquei no peito e ela mamou. E mamou, e mamou que foi uma beleza. Embora eu não tivesse exatamente um exemplo de que era bom fazer isso (eu na verdade achava aquelas mulheres das Amigas do Peito umas hiporongas! imagina isso! eu que hoje sou fã delas!), eu simplesmente fiz. Livros? Eu tinha um, todo velhuxco, do Dr. Spock (sei lá se é assim que se escreve), e confesso que não devo te-lo consultado uma única vez. Tudo foi simplesmente acontecendo e a gente encarando as alegrias e brabeiras de toda a situação. E a menininha foi crescendo e a gente também.

E como as coisas acontecem hoje? Caramba ... estou apta a comentar porque ganhei um netinho há pouco, filho de meu enteado, tendo acompanhado todo o processo.

Se eu tinha um livro, hoje são inúmeros. Tem internet, APPs, uma profusão enlouquecedora de informações que "brotam do chão". Hoje existe uma consciência muito maior da importância do aleitamento materno, mas tem gente que trabalha sério nessa conduta, aqueles que fingem trabalhar sério e quem valoriza os lançamentos da indústria, o que acaba sendo coerente com o enlouquecimento de nossa realidade.

Minha conclusão? Parece que ter filhos se tornou uma coisa muito mais complicada mesmo!!!!! Você percebe que as maluquices que acontecem na série são reais!

Qual a saída? Eu me arrisco a dizer que pode haver uma saída bastante razoável pra esse delírio de informação, de realidades e de demandas. Acho importante estudar, em fontes seguras como OMS, Unicef, colocando-se a par do que está rolando no mundo. Lá estará defendida a amamentação.

E quando chegar a hora H, tentar. E se não rolar direito, pedir ajuda em lugares confiáveis com os bancos de leite. Insistir e acreditar. Noites insones todos já causamos aos nossos pais. E a indústria estará lá querendo te conquistar a qualquer preço, tenha certeza disso.

Se de todo não rolar, pelos motivos que são muitos e que ninguém tem competência pra enumerar, a história é sua. Mas certamente aquilo que você estudou vai blindar suas atitudes e escolhas, fazendo com que ao invés de embarcar com tudo naquilo que insistem em te dizer que é bom, você saiba o que está fazendo, e que está fazendo o melhor possível.

Estudar é preciso.


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