terça-feira, 5 de julho de 2011

É fato




Depois de passar muitos meses gerando seus filhos, ao dar à luz, as mães e famílias deparam com a tarefa de zelar por eles. O tipo de alimentação que irão oferecer às crianças é fator crucial para a sobrevivência e o desenvolvimento saudável do bebê. A espécie humana é biologicamente “equipada” para alimentá-lo através do seio, mas culturalmente “equipada” também para criar, produzir e acessar formas alternativas para realizar a mesma tarefa.

O nascimento de uma criança é um momento extremamente delicado para todos os envolvidos, independentemente de qualquer variável econômica ou cultural. Muitos bebês nascem saudáveis e suas mães têm facilidade em amamentá-los. Algumas delas não desejam fazê-lo. Outras não podem alimentá-los porque estão doentes, porque morreram, porque deles foram separadas. Há também aquelas que enfrentam problemas no meio do processo, como o surgimento de ferimentos na auréola do seio e inflamações da mama. E aquelas que enfrentam um nível tal de stress para conseguir condições médicas adequadas ao parto que simplesmente não dispõem da paz que possibilita ao leite verter. Há crianças que nascem bem antes do tempo, são muito pequenas e suas feições e estado geral contrariam a expectativa de suas mães, que aguardavam por um bebê lindo. Elas não conseguem, ao menos de imediato, estabelecer com aquela criança um vínculo que possa desencadear sua produção de leite. Há também os bebês com lábio leporino, que não dispõem de condições para sugar o leite materno. Existem as mães subnutridas, que mal se sustentam em pé. Existem as que foram abusadas por parentes ou por estranhos e não tiveram como evitar as crianças com as quais a mentalidade geral supõe que devam estabelecer vínculo de afeto. Algumas mulheres retiram seios e glândulas mamárias para prevenir o câncer hereditário. Volta e meia, todos os bebês choram ou podem chorar a toda hora. Podem não deixar seus pais dormirem direito durante meses. Parentes próximos e amigos se preocupam com aquele choro insistente ou com a magreza da criança ou com o cansaço exagerado de seus pais, imaginando que algum problema esteja ocorrendo, como talvez a “fraqueza” ou “insuficiência” de leite na amamentação. Muitas mães também precisam se ausentar por um período, curto ou longo, como acontece com o retorno ao trabalho depois de alguns meses de licença-maternidade. O que fazer, então? O que fazer durante uma viagem, um compromisso social, um congestionamento de trânsito que adia a chegada da mãe por muitas horas?

Para estas e outras incontáveis situações existem os leites artificiais e o meio de administrá-los às crianças, a mamadeira. A prática de alimentar bebês artificialmente é largamente empregada em muitos lugares do mundo, há muito tempo.

Seria mesmo estranho que a diversidade e o nível de complexidade das situações descritas não desencadeassem o desenvolvimento de alternativas para a amamentação por uma sociedade inteligente, inventiva e produtiva.

O problema reside no quão "adequada e eficaz" vem demonstrando ser a alternativa criada e no grau de adesão que ela vem sendo capaz de suscitar na sociedade, apesar dos graves problemas e impactos que pode provocar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário