domingo, 9 de setembro de 2018

Pipoca doce ou salgada?



Gosto muito de pipoca. da doce e da salgada. 

Hoje comento aqui algumas notícias que reuni nas últimas semanas e, ao contrário dos tipos de pipoca - tão simples e ao mesmo tempo surpreendentes ao paladar que quer se alegrar, além de sinceros (doce e salgada)- seu gosto
pode enganar aos sentidos.


1. Me pareceu doce a série de matérias publicadas pelo jornal Metro sobre o que está por detrás das táticas da indústria de fórmulas infantis, porque constatei uma coragem elogiável no jornalista Rafael Neves em trazer à tona o gosto amargo da doçura cantada em verso e prosa da indústria do desmame. A coragem é doce. 

Em Indústria muda táticas para competir com leite materno, o primeiro dos cinco artigos, a gente fica sabendo da superioridade do leite materno, mas também do quanto isso vem atrapalhando o mundo dos negócios, que de maneira falaciosa só faz crescer a adesão aos modos artificiais de alimentação de bebês, fornecendo argumentos que insuflam o descrédito das mulheres-mães às suas capacidades biológicas. Sim, amamentar pode não ser simples ou pode não ser possível em alguns casos, mas a intimidade das empresas com pediatras, intimidade histórica - diga-se de passagem- não é a troco de nada. Vale muito a leitura. E não posso deixar de comentar a surpresa que tive ao deparar com a série jornalística, pois considero o jornal Metro uma leitura rasa de notícias de poucas linhas para atender ao triste fenômeno contemporâneo de não se ir a fundo em nada: leio rapidinho e estou atualizado. Então, reconheço aqui o esforço editorial empreendido por todos os profissionais envolvidos nessa mudança (mesmo que esporádica) de rota. 


2. Prova da força estratégica da indústria, outro artigo me chamou a atenção: Agosto dourado e o perigo da mamadeira no berçário: uma prática que precisa ser combatida. Em um sincero depoimento, a jornalista e nutricionista Mariana Claudino relata sua experiência de impotência diante do oferecimento de mamadeira com fórmula infantil a seu filho Mateus na maternidade, sem o seu conhecimento, alertando sobre a necessidade dessa prática ser denunciada e apontando que a informação (informação é doce) pode ser a alma do negócio. 

Quantas gestantes não devem estar lendo este texto agora? E é para elas que eu escrevo com muito amor: ajudem a mudar essa realidade, informem-se sobre o assunto, não deixem que seus bebês recebam o leite de vaca na maternidade. Questionem o médico, empoderem-se, peçam ajuda, perguntem, rebatam. Não fiquem conformadas se disserem que "o jeito é mamadeira".

3. E como "chave de ouro", recebi a notícia de que a Panda Feeding Bottle, uma mamadeira com jeitinho de urso panda, foi premiada no iF Design Talent Awards de 2018, tirando o décimo (e último) lugar. Mais uma vez, MAIS UMA VEZ um projeto de mamadeira é realizado por designers e premiado em um dos mais importantes concursos da área ... Repito: quem projeta mamadeira não pesquisou sobre os gravíssimos problemas provocados por esse produto; design sem pesquisa não é design, e sim total irresponsabilidade. Eu só fico imaginando que não havia de ter no juri desse prêmio uma mulher, uma mulher informada como aconselha a autora do artigo comentado acima, pra dar um basta nesse projeto e mandar os designers assumirem seus compromissos éticos.

Arg ... nem sei que gosto isso tem ....

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