domingo, 4 de setembro de 2016

Sobre bandeiras



Muitas bandeiras vêm tremulando em todo o mundo, em defesa das mais variadas causas.

Quando avistei a capa desse mês da revista Vogue na banca de jornais aqui da esquina, identifiquei uma bandeira a tremular.

Não resisti em comprar a revista, certa de que haveria uma matéria com Carol Trentini, onde a questão da amamentação seria abordada. O que encontrei foi um pequeno texto sobre a modelo, falando de sua carreira e família, além de uma justificativa da escolha da foto no editorial que fazia um paralelo entre a gravidez e o momento do lançamento mundial das coleções, entendido como uma espécie de nascimento após a gestação.

No princípio fiquei decepcionada, mas depois pude reconhecer o imenso valor dessa produção.

Precisamos ver mulheres amamentando, naturalizar imagens assim, deparando com elas em qualquer lugar, porque o cenário de consumo contribuiu imensamente para censurar crianças ao seio e naturalizar mamadeiras e fórmulas artificiais.

E na leitura da mensagem percebemos de imediato a beleza da fotografia sob o logotipo da revista e, imediatamente depois lemos "NEW AGE" (Nova Era), compondo uma só informação aos olhos do observador, quer isso seja por ele percebido objetiva ou subliminarmente.

Nessa NOVA ERA a amamentação ganha espaço, e já são muitas as ocasiões em que repórteres e jornalistas, modelos e artistas, políticas e pessoas públicas em geral vêm bem utilizando o espaço que têm na mídia para nela figurar alimentando seus bebês.

Muitas bandeiras tremulando. Esta, sem dúvida, uma delas.

E meu reconhecimento à revista por ter aberto esse espaço com essa composição estritamente entre imagem e mensagem escrita, fugindo do óbvio. O resultado é muito forte.


Um comentário:

  1. Professora Cristine, sou muito grata por conhecer seu blog, vou aproveitar dessa sua bandeira pra fortalecer a minha.
    Sou mãe de um bebê de 1a2m e tenho travado lutas diárias contra o senso comum, contra o hábito familiar, pra amamentar um bebê ("dessa idaaaade??") E não usar mamadeiras e chupeta.

    Seu blog deve ter muitos comentários de mães, mas venho tmb como admiradora de um trabalho de pesquisa que evita o conforto de não enfrentar o comum.

    Obrigada por ser referência

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