quarta-feira, 20 de julho de 2016

Os bebês e o mundo...



Esse bebê não está fantasiado de astronauta, como pode parecer à primeira vista. Na verdade, esta é uma notícia "tranquilizadora", publicada em jornal britânico, alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial.

Trata-se de um capacete anti-gás venenoso para proteger as crianças pequenas, cabendo a seus cuidadores a tarefa de bombear o ar por intermédio de um fole (veja detalhe na imagem).

O livro Wartime childhood, de Mike Brown (Shire Library), conta que o gás venenoso foi uma arma muito utilizada durante a Primeira Guerra. Procurando defender-se das terríveis consequências dessa estratégia do inimigo, em 1936 foi desenvolvido o artefato, chamado de Baby-bag.

O autor relata as medidas tomadas pelo governo britânico na preparação da sociedade para o enfrentamento da guerra que se aproximava, com foco nos esforços direcionados às crianças, inserindo em sua rotina simulações de evacuação, construindo abrigos, criando atividades lúdicas (o tanto quanto possível) para ambientar os pequenos com a realidade que lhes bateria à porta.

E no cantinho de uma das páginas do livro, em formato muito reduzido, eu deparei com a seguinte imagem:




Mal dá pra entender ... procurei na internet e encontrei mais essa. A enfermeira em primeiro plano carrega todo o aparato (com o bebê em seu interior) por uma alça. E então compreendemos o motivo de chamar-se Baby-bag.





Fiquei pensando em quantas vidas hão de ter sido salvas por esse produto, pensando na equipe de profissionais que o desenvolveu (que imenso desafio criar algo para a defesa de crianças tão pequenas!), pensando também no misto de dificuldade e alívio das famílias em lidar com tal situação e de ter um recurso pensado com antecedência e amplamente disseminado para enfrentar período tão crítico...

Por quê esse assunto no Mamadeira Nunca Mais?

Pra dizer que os produtos podem sim ser pensados pra nos proteger, e não para nos fazer consumir e nisso nos enganar quanto à sua segurança.

E que o Design -essa atividade que tanto prezo- tem na realidade atual um panorama extenso pedindo por projetos inovadores, pois como diz Paola Antonelli, curadora de Design do MOMA,

"o desafio que sempre se apresenta à profissão é o de contribuir para tornar as mudanças viáveis, compreensíveis e acessíveis às pessoas, provendo proteção e segurança, sem sacrificar a necessidade de inovação e invenção".



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