sexta-feira, 18 de maio de 2012

Céus, nos protejam




Acabo de assistir ao filme "Flor do deserto" na televisão.

É claro que eu já tinha informação sobre a prática de mutilação da genitália feminina em países da África (e talvez da Ásia), mas sempre fugi da busca por detalhes, tal o horror que isso nos causa.

O filme conta a história de Waris Dirie, uma menina somaliana que se tornou top model. Aos dois anos de idade, seguindo os costumes de sua gente, Waris foi levada por sua mãe para a mutilação. Cresceu e acabou fugindo da Somália, vindo a ser descoberta por um famoso fotógrafo que disparou sua carreira.

Mas ela decidiu contar sua história e hoje é embaixadora da ONU, na luta contra essa monstruosa prática. Este é o link para seu site http://www.desertflowerfoundation.org/en/.

Daí eu fico pensando: céus, como a cultura pode nos mutilar... e quanta determinação é necessário que tenhamos pra enfrentar a cultura, para analisá-la criticamente e combater aquilo que de inaceitável ela nos impõe. E com que "naturalidade" tantas vezes absorvemos suas regras ...

Por quantas espécies de mutilações passamos? Acho que ocidentalmente nossas mutilações são simbólicas. Não necessariamente vertem sangue, mas se apoderam da nossa consciência, da nossa sensatez e penetram na estrutura do que somos.

O quê? A quê me refiro? A tudo aquilo que nem percebemos descer à força por nossas goelas, como virar repositório de silicone, mutilando, em prol de valores torpes, a capacidade de alimentar o ser que geramos.

E isso é só um exemplo.

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