segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Mamadeira e obesidade

Muitas são as vantagens da amamentação, tanto para o bebê quanto para a mãe. Paulo Roberto Alves Lopes, no artigo “As Vantagens da Amamentação. Por que Amamentar?” enumera as vantagens nutricionais, as propriedades do colostro, vantagens imunológicas contra infecções e alergias, neuromotoras e cognitivas, psicoemocionais, ortodônticas e dentais para o bebê, além das seguintes benesses para a mãe: espaçamento entre as gestações, prevenção das hemorragias pós-parto, involução do útero às dimensões normais, prevenção de anemias, proteção contra o câncer ginecológico, depressão pós-parto. O autor cita o médico uruguaio Luis Morquio com a frase “bebês que mamam no peito quase nunca adoecem. Quando adoecem, quase nunca morrem”, e destaca que “o leite materno é o modelo de alimento perfeito que todos os produtos industrializados procuram imitar, sem possibilidade de êxito” (Lopes in Rego, 2002, p. 5-21).




A obesidade figura entre os problemas provocados pelo desmame e pela consequente administração de fórmulas infantis a bebês. Enfermidade ignorada até pouco tempo pelas ações nacionais e internacionais de saúde, em 1997 a obesidade foi considerada uma doença em desenvolvimento alarmante, o que foi reconhecido pela OMS — que instituiu, nesse ano, o Dia Mundial de Combate à Obesidade .
Pesquisadores norte-americanos e brasileiros publicaram em 2008 estudos demonstrativos de que o contato do bebê com a alimentação artificial em seus primeiros dias de vida cria condições favoráveis para que, ao crescer, ele se torne obeso . Segundo o pediatra Fábio Ancona, da Unifesp, “quando a criança é amamentada, recebe a quantidade de calorias que o organismo dela precisa – não a que a mãe ‘acha que ela precisa’” e isso é “essencial para a regulação do metabolismo do bebê. O corpo aprende o quanto de energia precisa absorver para dar conta dos seus gastos”, enquanto que, ao consumir calorias além do necessário, estas se armazenam no organismo em forma de gordura . Nicolas Stettler, autor líder da pesquisa norte-americana, identificou a existência de “um período crítico na primeira semana de vida, em que a fisiologia do organismo pode ser programada para o desenvolvimento de doenças ao longo da vida”.

Vale notar que é um grande equívoco acreditar que o leite de vaca é mais forte do que o humano pelo fato de a criança amamentada sentir fome em intervalos menores.
...o leite materno, por ser um alimento perfeitamente adequado às necessidades do bebê, é digerido com mais facilidade e rapidez do que o leite artificial. Por esta razão, é mais comum o bebê alimentado por mamadeira fazer intervalos maiores entre as mamadeiras, pois a digestão se faz mais lentamente devido à maior quantidade de resíduos. (Maldonado apud Araújo, 1997, p. 123)

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