segunda-feira, 20 de junho de 2011
Inocente útil
Hoje vou fazer um post bem pessoal. Pra tanto, inicio com o cartazinho que fiz quando acabou minha licença maternidade. Colei na parede do quarto. A intenção era orientar as avós que se intercalariam nos cuidados à minha filha enquanto eu estivesse no trabalho.
Diga-se de passagem que, mesmo eu tendo me esmerado pra fazer bem bonitinho, as avós ficaram furiosas com minha produção, pois é CLARO que elas saberiam EXATAMENTE O QUE FAZER!
Mas vale uma leitura detalhada do tal cartaz:
1. A bebezinha tinha 4 meses e já começava o dia com suco de laranja lima;
2. a mamadeira depois do banho tem gotinhas de leite saindo pelo bico e (eu me lembro disso) havia um conforto na afirmação de que "talvez ela dormisse depois";
3. daí, "6 gotas de Protovit": cara, vitamina! TODOS os bebês tomavam vitamina ...;
4. então, um alento: eu saía de metrô do centro da cidade na hora do almoço e vinha amamentar minha filha. Depois voltava pra lá (eu morava na Fonte da Saudade, bem longe do Centro);
5. além do suco, maçã raspada;
6. e OUTRA mamadeira;
7. e mais gotinhas de Protovit antes do meu retorno.
Eram orientações pediátricas.
E, contrariando a "metodologia" proposta pelo cartaz, acontecia o seguinte:
1. Logo depois de eu amamentar minha filha e saía, ela dormia;
2. tempos depois, começava a chorar;
3. continuava chorando e não dava sequer um gole na mamadeira;
4. chorando ainda e continuava;
5. então, o alento: eu chegava e ela mamava ainda aos soluços. E dormia ...
6. até que todo o processo se repetia até as 6h da tarde.
Em resumo: minha filha não aceitava o bico da mamadeira e, quando por fim cedeu a essa resistência, mamava e vomitava instantes depois. Foi diagnosticado refluxo. Passamos para o leite de soja (como fedia o seu preparo!) e melhorou. Mas eu passei MUITO TEMPO me revezando com meu marido no preparo para as longas noites: balde, roupa de cama suplementar, material de limpeza etc. e uma paciência de Jó.
Só fui entender direitinho tudo o que se passou com minha pesquisa para a tese.
Como teria sido bom se eu soubesse que não seriam necessários sucos, vitaminas, e que eu poderia ter ordenhado meu leite para que fosse oferecido a ela num simples copinho ...
Bom, ela sobreviveu! É uma moça de 22 anos. Alérgica. Usou aparelho ortodôntico durante 4 anos.
E eu, dei o meu quinhão para as indústrias de leites artificiais, de mamadeiras, de vitaminas e remédios para alergia, e para o mercado de aparelhos ortodônticos.
Fui uma consumidora muito bem comportada.
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