terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Amamentação e cultura

No livro de João Aprígio Guerra de Almeida (Amamentação: um híbrido natureza-cultura, infelizmente esgotado) é sinalizado que a prática da amamentação não está dissociada de condicionantes culturais, de quadros políticos ou de diversas outras influências que corroboram para a adesão à perigosa alimentação artificial.

No documento Situação Mundial da Infância, produzido pela UNICEF em 2008, alguns dados ilustram a situação:

1. No Afeganistão, "as mulheres são proibidas de receber cuidados médicos em hospitais, cujas equipes são compostas apenas por homens", devido à norma cultural que restringe o trabalho feminino e impede as mulheres de receber capacitação médica;

2. Em Bangladesh, os costumes hindus e muçulmanos impedem que as mulheres se dirijam a centros de saúde sem a companhia de um homem (p. 20);

3. Na África Meridional, a AIDS é a principal responsável pelas mortes materna, neonatal e infantil;

4. Em Botsuana, "cerca de 1 em cada 4 indivíduos entre 15 e 49 anos está infectado com HIV" e um terço das gestantes são portadoras do vírus, o que determina risco de contaminação para o recém-nascido se ele for amamentado;

5. Na Libéria, antes do conflito que se estendeu de 1989 a 2003, havia água limpa disponível nos grandes centros, mas a guerra destruiu a maioria dos sistemas de abastecimento canalizado (p. 24).

O relatório da UNICEF registra a ocorrência de condicionantes que se interpõem à pratica da amamentação também nos países desenvolvidos, embora por razões bem diversas. Nos EUA a amamentação em público é frequentemente coibida, possivelmente por influência da herança cultural puritana, como ilustram os casos a seguir:

1. Nos salões da Starbuks, em Maryland, a uma mãe que amamentava seu filho lhe foi solicitado que o fizesse no banheiro ou cobrisse a criança com uma manta;

2. Na loja Victoria Secret de Winconsin, ao pedir para amamentar seu filho no provador, uma mãe foi surpreendida com a negação a seu pedido e com a sugestão de que se dirigisse ao banheiro das funcionárias;

3. No Colorado, uma mãe recebeu multa de U$ 50 por amamentar o filho num parque e foi acusada de expor "suas partes genitais numa área pública";

4. Em 2006, uma mulher foi obrigada a se retirar de aeronave da Delta Airlines (obviamente antes da decolagem) porque se recusou a cobrir o seio com o cobertor que os tripulantes sugeriam, acusada de indiscrição (ver informações em http://www.aleitamento.org.br/ e http://www.usatoday.com/ )

Em Vancouver, Canadá, uma mãe foi também proibida de amamentar seu filho em 2008, na loja de roupas H&M, sob o pretexto de que o ato constituía uma obscenidade, uma ofensa aos clientes (http://www.cbc.ca/ ).

Manifestações públicas costumam seguir essas ocorrências, como mostram as fotos.





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