sábado, 14 de novembro de 2020

Boneca espanhola que mama no peito saiu de linha


Recentemente tive a notícia de que o Bebé Glutón - primeira e única boneca industrial que simula mamar no peito - saiu de linha. Já falei bastante sobre ela aqui no blog. Assista ao video de demonstração

Lançada em 2019 pela fábrica de brinquedos espanhola Berjuan, foi concebida com o apoio da União Européia no intuito de contribuir para a mudança nas baixas taxas de aleitamento verificadas naquele continente. Recebida com surpresa pelo mercado de brinquedos e pelo público, causou controvérsias mas também foi premiada: quanta ousadia interferir em um mundo em que todas as bonecas tomam mamadeiras! 

Quando eu soube da novidade, quase não acreditei, mas tive a chance de visitar a fábrica em uma viagem e ouvi de seus proprietários/criadores que o sistema de funcionamento da boneca é simples. Movida à pilha, a aproximação da boca da boneca aos sensores presentes na blusa a ser vestida por quem com ela brinca, promove a "mágica". E fiquei boba de pensar na força do lobby pró mamadeiras e leites artificiais que há de ter bloqueado essa criação por tanto tempo, fazendo com que a gente pensasse ser impossível uma boneca mamaer no peito. 

Bom, o fato é que a cultura da mamadeira parece estar vencendo também essa batalha. A inovadora fábrica, protagonista de outros lançamentos revolucionários no setor (como a boneca careca com quem as crianças em tratamento contra o câncer podem se identificar e cujas vendas revertem em apoio aos hospitais que as tratam), tirou o Bebé Glutón de linha e exibe em seu catálogo ainda mais modelos munidos de chupetas e mamadeiras. 

Vale dizer, também, que a indústria não conseguiu exportar o brinquedo para o Brasil quando de seu lançamento. Provavelmente porque, além de poder atrapalhar a cultura do desmame precoce, nossa produção industrial nesse setor foi gravemente afetada pelas importações de produtos chineses e seus preços competitivos há muitos anos. 

Fica a tristeza ao constatar mais essa demonstração de força daqueles que ludibriam a população ao dizer que seus leites são iguais ou até superam a qualidade do leite humano, mas também a certeza de que uma boneca pode mamar no peito, além da esperança de que ela um dia volte a ser fabricada e comercializada.

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