sábado, 6 de abril de 2013

Há sempre uma multidão por detrás do nome do autor de um livro





O livro está no prelo. Vai se chamar "Amamentação e o desdesign da mamadeira, por uma avaliação da produção industrial".

O projeto gráfico está lindo, obra de Pedro Palmier.
A capa está maneiríssima, em fase de aprovação na editora, concebida por Fernando Carvalho.
Vera Bernardes orquestrou tudo.

Mas ...

Tive que realizar muitas mudanças no texto. Atualizei, reordenei e tive que suprimir algumas partes, dentre elas os agradecimentos que - originariamente- eram enormes e vinham ao final dos volumes da tese.

Deixei lá no livro um agradecimento simples e abrangente, mas quero publicar aqui, com todas as letras, o texto que escrevi para dar crédito àqueles que me cercaram de incentivo durante o trabalho.

Muito obrigada.
Agradecimentos

Esta pesquisa não poderia ter sido realizada sem que fossem percorridas trilhas desconhecidas. Fui me amparando no revezamento de mãos de amigos, autores, professores, profissionais e notícias que encontrava pelo caminho, assim como um passageiro se desloca no interior de um ônibus veloz, contra o sentido do movimento, segurando nas alças dos bancos.

Inicio os agradecimentos citando Selene Afonso, que lá no comecinho disso tudo me apresentou às pessoas do Banco de Leite e seguiu intermediando novos encontros e me incentivando muito, sempre. Uma nova grande amizade.

Quando me encontrei com João Aprígio no IFF, eu nem desconfiava que a pesquisa fosse tender pra esse lado, mas de cara entendi que aquele lugar era “o lugar” e que as pessoas dali me interessariam muito. João, em meio aos seus muitos compromissos, conseguiu me oferecer uma atenção sempre tranquila e amiga, me incluindo calorosamente em seu grupo assim que me decidi por aderir a esta “questão de estado”.

Nada teria acontecido, entretanto, se Franz Novak, em seu laboratório, não tivesse me contado sobre os males causados pela mamadeira, me emprestado seus livros, me explicado com toda a paciência como manipular um leite para entregar à pediatra da UTI neonatal (que aguardava na porta para levá-lo a um bebê prematuro internado). No IFF me deram chance de chegar pertinho da rotina de vários setores. Essas duas figuras, João e Franz, formam uma dupla real de super-heróis e tenho muito orgulho de conhecê-los.

Mas como João tantas vezes reforça, super-heróis não existem. Um mundaréu de gente se dedica todos os dias a fazer aquilo tudo acontecer. Posso citar algumas dessas pessoas. Nina Savoldi, colega de turma no curso que fiz lá, me proporcionou a entrada na UTI neonatal e papos importantes durante os almoços nos dias de evento. Elisabeth Crivaro me demonstrou que é plenamente possível alimentar um prematuro utilizando o copinho. Sandra Pereira tirou minhas dúvidas, solucionou meu acesso às informações. Enfim, essa gente toda do IFF não merece apenas agradecimento, mas crédito na tese.

Participando de muitas dessas reuniões e visitas estavam dois ex-alunos. Mariana Ribeiro, a menina do cabelo azul, que um dia, ao final de minha aula, afirmou que montaria o posto de recolhimento de potes para doação de leite humano na PUC e acabou envolvida na história antes de mim, desenvolvendo seu projeto de fim de curso sobre o tema (às vezes os aliados têm cabelo azul). Bebel e Tetusa Noguchi, donas da loja Pilotis, adotaram carinhosamente a caixa para doação de potes, que a comunidade PUC vem mantendo sempre recheada de doações há mais de dois anos. Ex-aluno e aliado também vem sendo Fernando Carvalho. Era dele o projeto de colchão para incubadora que motivou meu pedido a Selene de uma conversa no IFF, raiz de tudo. Com Fernando discuti cada passo do trabalho nos cafés semestrais que tomávamos, pois ele fazia mestrado nos Estados Unidos e só aparecia nas férias. Fora o contato por Internet. Seus projetos, sua postura profissional, seu talento para o design e o comprometimento com os acenos da realidade me fizeram apelidá-lo de “designer do século XXI”.

É preciso retornar um pouco no tempo pra falar de Myrian Santos. Por duas vezes tivemos nossa parceria orientadora/orientanda frustrada na pós-graduação em Ciências Sociais da UERJ. Mas seguimos em frente de outro jeito e ela co-orientou esta pesquisa. Gosto de lidar com pessoas que me fazem críticas importantes, e Myrian fez muitas delas no decorrer desses quatro anos. Sem sua interferência, o trabalho não teria alcançado a vivacidade que adquiriu. Ouvi o que ela disse, entrei num disco voador e segui viagem, pra muito longe e pra bem perto, torcendo pra conseguir trazer o leitor comigo nessa montanha russa. Foi mesmo um privilégio ter sido desafiada com tanta amizade.

Então, as coincidências. Myrian conhecia Mônica, que namorava João. Cheguei a Mônica Herz porque ela era integrante da linha de pesquisa que eu havia localizado durante mais uma tentativa de ingresso no doutorado, dessa vez em Relações Internacionais. Ela me revelou ser amiga de Myrian desde o doutorado na Inglaterra, e me proporcionou assistir como ouvinte a matéria que ministrava na graduação, momento em que deparei com o estudo dos Direitos Humanos. João Struchiner, seu namorado, havia sido um grande companheiro em praticamente todas as atividades realizadas nos anos de ESDI. Havíamos perdido o contato, desde então, que agora foi recuperado na intensidade que nossa amizade sempre mereceu. Além do incentivo, João cuidou da impressão dos volumes desta pesquisa. É de responsabilidade de Mônica o fato de eu ter dado a guinada inicial para o tema que desenvolvi, pois ela esteve na exposição do MOMA de 2005, “Safe: Design takes on risk” e, a partir daquele catálogo, que Jack Silber providenciou pra mim em Nova Iorque, tudo começou a acontecer.

Foi Myrian também que me apresentou a Maria Inês Couto de Oliveira. Marquei uma conversa em sua casa e lá nos perdemos em meio a extenso material sobre as campanhas nacionais e internacionais que brotavam dos armários e gavetas. A partir dessas informações pude realizar meu primeiro artigo sobre o tema e seguir em frente de posse de alguma bagagem. Um dia após nosso encontro eu vesti a camiseta de campanha pró-amamentação e fui andar na Lagoa, sinal de adesão à causa. Muito me alegra sua presença em minha banca: cabe-me agora abrir as minhas gavetas para retribuir tanta gentileza.

O artigo foi escrito e entregue a Rafael Cardoso, como trabalho de disciplina. A ele agradeço pela pressão para que eu definisse o recorte de minha tese no momento adequado e pelo conteúdo tratado em suas aulas de História do Design no Brasil. Aquelas aulas, somadas às de Cláudio Lamas, assistidas como ouvinte na graduação, lado a lado com meus alunos, me forneceram, enfim, um conhecimento de História do Design que eu não possuía. Cláudio me deu dicas de leitura essenciais sobre o movimento dos consumidores e sobre muitos outros detalhes que eu ignorava.

A Sônia Martini e Anne Krause, membros da IBFAN gaúcha, agradeço pelo tão frutífero almoço que tivemos em Porto Alegre. Assim que der, seguirei seus conselhos de fazer o curso de monitora da NBCAL. Celina Valderez e Rosana de Divitiis, da IBFAN, me proporcionaram este contato.

Não conheci o Dr. Marcus Renato, mas acessei incontáveis vezes seu site, Aleitamento.com, através do qual me mantive atualizada sobre os acontecimentos da área.

A José Maria Gomez eu devo a chance de chegar perto de algum conhecimento sobre Política, Economia e Direito. Sempre tive um grande interesse por esses temas e ele me conduziu ao entendimento de algumas coisas importantíssimas e à certeza de que um designer não pode prescindir de tais noções em sua formação. Eu me senti o máximo participando daquela turma. Daniel Aragão estava lá, e desde o ISA-ABRI (congresso de Relações Internacionais do qual participei, instigada por Mônica), quando foi o debatedor do painel sobre Responsabilidade Social — do qual eu participava como palestrante —, se tornou um colaborador e tanto. Criticou sem dó o meu trabalho lá, na hora, recomendou um artigo importantíssimo sobre o Global Compact e a Nestlé, e me noticiou o Bebé Glutón, num apoio valioso.

Aos poucos meu escaninho foi sendo povoado por contribuições de colegas. Por vezes eu nem identificava seus nomes, como no caso de Eliane Correa, que me deu cópia de importante artigo sobre o boicote à Nestlé. Agradeci a muitas “Elianes” antes de descobrir a real autoria daquela contribuição.

Cláudia Mont’alvão, além de “povoar” meu escaninho, tornou-se uma multiplicadora das informações que lhe contei, transmitindo-as a pessoas conhecidas ou quando quer que haja chance, como em conversas de salas de espera de consultórios médicos. Cláudia foi quem me revelou que eu poderia fazer no design aquilo que eu tanto buscava realizar fora do design: uma tese de design não apenas sobre o design. Sem essa informação, eu não teria chegado aqui.

Aos professores presentes à reunião, cujos nomes devem ser preservados por princípio de pesquisa, obrigada pelo tempo, pela dedicação, pela valiosa participação que tiveram em meu trabalho. Realizei ali o que penso deva ser uma prática constante de trabalho no ambiente universitário e fico feliz pelo fato de uma notícia tão perturbadora ter gerado reflexões tão importantes.

A Luiz Antônio, meu orientador, agradeço pela acolhida e por ter se envolvido com meu trabalho de maneira tão especial. Mereci seu apoio incondicional em todas as etapas. De vez em quando ele me mandava procurar por outras pessoas, e eu a princípio nem entendia por quê. Outras vezes chegava a redigir pequenos ótimos trechos no material que lhe entregava pra ler. Leitura minuciosa. Alertas importantes. Abraços constantes coroando meus feitos num fornecimento permanente de incentivo, mesmo que por vezes em forma de carinhosas broncas, mas broncas.

Ele me mandou conversar com Menga Lüdke, do Departamento de Educação da PUC, logo depois da qualificação. Uma hora. Foi esse o tempo que levou pra ela me mostrar a coisa do jeito que ela deveria ser vista: “Cristine, provar que o seio materno é melhor do que a mamadeira não é tese. Sua tese está aqui, na necessidade de reavaliação da produção industrial, que você tanto comenta”. Uma frase que valeu ouro.

Newton Gamba Junior participou da qualificação, de outros momentos da pesquisa e é membro da banca final. Como foi bom ter um designer que já cursou Medicina para avaliar meu trabalho! 

Eu pensei que todo o texto da tese seria recheado por citações de Jorge Frascara. Pouquíssimas foram as referências ao seu trabalho, de modo que corrijo aqui a lacuna. A leitura de seu livro Diseño Gráfico para la gente, anos atrás, me encorajou a perseguir as questões que tratei aqui. Tê-lo conhecido pessoalmente, por obra de uma estripulia de Vera Damazio (que me incluiu em um almoço com ele), me permitiu começar a conversar sobre as mamadeiras com meu autor dileto de design, o que se estendeu em correspondências eletrônicas. Leia-se, portanto, seu nome impresso em tinta branca nas notas de rodapé de todas as páginas da tese.

A Vera Damazio eu agradeço essa estripulia com Frascara, agradeço por ter se engajado no assunto e escrito comigo o artigo para o México, por ter ido comigo, apresentado comigo, tudo comigo. E também por ter me apresentado a Myrian. Eu e Vera temos uma longa e intensa amizade que brindamos a toda hora, pois somos ambas “osso duro de roer” e até nos estranha tanta permanência. Temos que brindar. Com esse “osso” temos trabalhado “duro” e realizado coisas importantes.

Às assistências do ISA-ABRI e MX Design Conference, seus olhos estupefatos diante do que eu lhes disse, as palavras e os abraços de adesão que eu depois recebi, eu devo o “gás” para prosseguir até aqui e prosseguir muito mais além do aqui. E aos queridos amigos que fiz naquele congresso tão acolhedor, gente do México, Bolívia, Colômbia, Peru, Guatemala, Brasil, Botswana, Polônia, França, Suíça, Estados Unidos, fica reforçada a sensação de que esta viagem, para mim, soou como uma grande recompensa.

Pude apresentar meu trabalho e conversar com todos lá graças às aulas de Robson Rodrigues. Ele me encorajou a hacer la ponência en español ao invés do inglês que eu tanto suo pra falar. Daí uma mágica familiaridade me ajudou a literalmente descobrir a América Latina.

Quem me deu a idéia de fazer algumas aulas de espanhol e me apresentou a Robson foi Vera Bernardes. De chefa a ídolo do design gráfico, a grande amiga. Dicas, dicas e mais dicas. Em pleno verãozão de 2010, com a ajuda de Pedro Palmier ela ajustou o projeto gráfico “capenga” que eu havia realizado para este volume, concedendo a ele seu singular toque de Midas. Vera me encanta...

Quando trabalhei com ela, anos atrás, era sócia de Washington Lessa, que havia sido o orientador de meu trabalho final na ESDI. Realizo um sonho por tê-lo em minha banca, pois, nesse tempo todo, a admiração e o companheirismo entre nós só cresceram, apesar de pouco nos encontrarmos.

Rita Couto foi minha orientadora no mestrado, numa aliança tão inesquecível quanto as imagens telejornalísticas que eram o objeto da dissertação. Assim terei todos os meus “guias” anteriores e atuais reunidos: Washington, Rita, Luiz Antônio e Myrian. Rita me convenceu a não desistir de fazer a reunião com os professores. Obrigada pela confiança e por todo o carinho.

Agradeço a Suzana Silva, minha irmã, por ter cuidado de nossos pais com tanto esmero quando eu tive que me afastar da participação nessa tarefa crucial. O que me alivia é o fato de eu ter largado sempre tudo o que estava fazendo para ouvi-la, tentando ajudar como era possível na resolução dos problemas que surgiram nestes últimos tempos. Além disso, ela foi revisora do trabalho. Mais do que revisar, deu ao texto um upgrade impressionante. Ana, valeu mesmo!

A Leda Nogueira e Carlos Nunes, meus pais, todo o meu amor. Ele me deu o interesse por tudo-ao-mesmo-tempo-agora, e ela a capacidade de analisar cada detalhe com calma. Espero estar mais presente em suas vidas a partir da defesa.

Helton Jeveaux, meu marido, foi o patrocinador da tese. Tive que dar bem menos aulas e recusar oportunidades de trabalho para poder gerar a pesquisa e ele deu conta do rojão. Citando Chico Buarque, ele foi me iluminando, não iluminando um atalho sequer, pois sempre vai me guiando pro caminho que eu quiser.

Ele e Adélia Jeveaux inventaram de pegar um bebê cachorro bem quando eu não poderia me dispersar nem por sonho. É claro que me dispersei. Minha filha traduziu todos os textos relativos à tese e aos artigos produzidos para o inglês e, ao treinar minha fala para este idioma, recomendou que eu apresentasse o trabalho do México em espanhol! Ela me incentivou de maneira difusa e abrangente, quase que pelo olhar. Quando bebê, não aceitou a mamadeira, vomitou o leite em pó e me fez sair desatinada do centro da cidade, diariamente, pra amamentá-la. Parece que já sabia de tudo!

A Luiza Kramer, querida ex-aluna, eu agradeço pela longa parceria e por ter contado sobre meu trabalho a sua mãe, Sônia. É muito bom a gente “achar” as pessoas que já estavam ao nosso lado.

Karl Erick providenciou a compra das mamadeiras dinamarquesas. Fernando Carvalho, a compra das norte-americanas. Mônica Herz procurou a inglesa, mas não achou. Nem Rodrigo Villas Boas a encontrou. Ficou faltando, assim, a inglesa na minha coleção de “Baby killers”.

A Rodrigo Villas Boas, muito obrigada por comprar o “Bebé Gluton” e entregá-lo a Marina. Ex-aluno amado, ele foi meu “correspondente em Barcelona” durante toda a pesquisa.

A Marina, minha sobrinha, eu devo o translado do “Bebé Gluton” da Espanha para o Brasil. No e-mail ela me perguntava: “Tia, não vou ter que amamentar a boneca durante o voo, né?”. Ao que respondi: “Se ela estiver dormindo, Marina, nem vai precisar”.

Agradeço aos funcionários da pós-graduação, Romário Cesar Silva e Felipe Borges, pela presteza nas providências necessárias à marcação e realização da defesa, e a Cid Antunes e Giuliano da Fonseca, que confeccionaram o fundo infinito para a exibição das mamadeiras com o esmero que caracteriza os frutos de nossa profissão.

A Marise Maio eu dedico postumamente a tese. Este trabalho é fruto do verbo que todos temos que conjugar por muitas vezes na vida: coragem. Mais do que a coragem de realizar a pesquisa, é com a coragem de enfrentar a vida sem sua doce e eloquente presença que honrarei nossa amizade. Obrigada por segurar em minha mão quando os aviões decolam e quando pousam: de um tempo pra cá eu tenho sentido medo nessas horas.

5 comentários:

  1. Cristine, muito obrigada pela lembrança! Minha interferência foi um detalhe nessa sanha. Tem sido um prazer ver a sua evolução na luta por um design mais integrado e consciente do contexto onde tudo ocorre nesse mundo louco. Sua determinação e coragem (além da inteligencia, é claro) são o combustível dessa trajetória brilhante. Vc já é um sucesso e acho que vai ficar na história!!! Agora vamos ao lançamento!!!!!!!!! \o/\o/\o/\o/\o/

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  2. Querida, você foi a aaaaalma do negócio! Obrigada pelo comentário aqui :o)

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  3. Parabéns querida! Você merece e tenho certeza de que será um sucesso! Vou adquirir o meu exemplar!Beijo com muito carinho,

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    1. Obrigada, Simone! Estaremos juntas no Congresso Virtual. Fico muito contente com isso e te peço que me mande o link para adquirir o seu livro: parabéns!

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  4. Uma honra para mim querida! https://www.agbook.com.br/book/142819--Falando_de_Maternidade
    Beijo!

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