Visitando o site da IBFAN Brasil e lendo o documento "Violando as normas", onde anualmente são publicados os resultados do monitoramento nacional das regras de controle à comercialização de leites artificiais, bicos e mamadeiras, encontrei a frase "falso conceito de vantagem ou segurança" sendo empregada para qualificar estratégias enganadoras de convencimento de compra desses produtos.
Com minha pesquisa de doutorado, tive o desprazer de detectar o quanto o design vem contribuindo para a criação de atributos palatáveis ao discurso promocional desse falso conceito. Pois ao simplesmente redesenhar mamadeiras, sem questionar a validade e aplicabilidade do produto, tais ações projetuais vêm agregando às mamadeiras valores estéticos e tecnológicos que colaboram para a manutenção e incremento da ideia de que elas são um meio seguro para alimentar bebês. O apelo formal, somado ao discurso promocional, se converte em valor agregado incentivador do consumo, o que parece constituir sinal intangível de violação às normas do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno.
E de que forma isso se dá? Com a grande incidência de fatores de pseudo-inovação nos produtos (como a analogia formal ao seio materno, as válvulas para eliminação de bolhas de ar, os recursos que viabilizam o "fluxo contínuo" de leite etc.), com a insistência dos projetistas e das indústrias em relegar o conhecimento científico alcançado sobre a questão, e com o discurso promocional capcioso presente nos sites e em embalagens de mamadeiras (MAM loves me).
Portanto, quanto mais atraente e pretensamente inovadora for a aparência formal da mamadeira, mais violadora ao Código ela se revelará.
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