sexta-feira, 3 de julho de 2015
Um ciclo
Depois de um tempo sem postar, pretendo a partir de hoje recuperar o ritmo do blog convidando a todos para pensarem um pouco sobre os ciclos. Eles estão aí, se exibindo sem reserva, mas tantas vezes temos a atenção roubada por detalhes que nos exigem o close, o que nos impede a visão mais ampla daquilo que vivemos.
Eu fiz essa história em quadrinhos nos anos 90, pra inscrevê-la em um concurso. O trabalho nem foi selecionado. Como faço com tudo o que realizo, eu o guardei muito bem guardado. Tão bem guardado que nunca mais o encontrei, apesar de buscá-lo com afinco por mais de uma vez.
Bom, eu estaria mentindo se dissesse que o encontrei esses dias por algum tipo de "milagre" ou "sinal", porque o que fiz mesmo foi procura-lo com a determinação de quem , dessa vez, precisava muito encontrá-lo.
Rever essa sequência tão simples de desenhos é pra mim um brinde ao ciclo de vida de minha mãe, encerrado no dia 11 de maio deste ano.
Acho que todos sabem o que é um luto. Já passei por luto de avós, de grandes e queridos amigos, de pai postiço, mas luto de mãe, apesar de ser de uma densidade singularíssima, pode ser um luto diferente. Porque desvela sem reservas um dos mais evidentes ciclos da natureza: nascer, gerar e morrer, deixando em cada filho a promessa de inauguração de novos ciclos.
(Olhando agora eu percebo que os cirurgiões lá do início da historinha estão meio démodé, e que acabei representando a TV Globo no quadrinho da televisão).
Enfim, o que tem me protegido nessa fase é o calor gostoso das amizades e a percepção daquelas coisas ao mesmo tempo simples e de insuperável beleza que tendem a "passar batido" por nós no dia-a-dia.
Essa herança ela me deixou.
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