domingo, 14 de setembro de 2014

Tudo é perigoso, tudo é divino, maravilhoso



Desvio um pouco, mais uma vez, do foco normalmente tratado neste blog para fazer um comentário sobre um acontecimento desta semana.

Um editorial de moda, publicado na Vogue Kids, foi considerado inadequado por exibir meninas em poses sexualmente insinuantes. O Ministério Público determinou o recolhimento da edição da revista após intensa movimentação da sociedade civil, que levantou a questão por intermédio das redes sociais, em debate polêmico: muitos se disseram aviltados pela matéria; muitos se disseram espantados por tal aviltamento, alegando que as imagens não possuíam essa carga de sensualidade.

Concordo com os primeiros. Mas não exatamente me coloco contra os últimos. O fato é que mensagens podem provocar interpretações diferentes em diferentes pessoas. Isso é do mundo, dos humanos, e um ponto importantíssimo a ser considerado pelos produtores dessas mensagens.

O que consigo concluir de toda essa movimentação é que ela deve ser reconhecida em sua importância. Não se trata de um maniqueísmo, ser a favor ou contra o editorial, enxergar ou não uma coisa ou outra. A questão parece ser bem mais complexa.

Sob o meu ponto de vista -que é apenas um ponto de vista- estamos tão imersos na cultura do consumo que tendemos a "naturalizar" tudo aquilo que provenha de propostas do mercado. Um exemplo disso é que já "entubamos" o recurso da obsolescência programada dos produtos, aceitando que sua garantia restrinja-se a apenas um ano. Depois disso, compraremos outro.

A impressão que tenho é a de que nos distanciamos cada vez mais de nossa capacidade de analisar e questionar aquilo que nos é apresentado como bom, correto, adequado. Não há tempo para isso, é bom, compramos a ideia, nos adaptamos a ela. Aqui pode-se pensar em muitas coisas, inclusive nos produtos-alvo deste blog.

Será esse um bom caminho? Muitas provas têm pipocado, demonstrando que não é.

Mas é quando pensamos nas crianças, geração futura, que detecto (como muitos) uma "tecla" capaz de nos tornar mais atentos àquilo em que normalmente estamos imersos. Porque projetamos, somos capacitados a olhar à frente.

Acho que é tempo, por que sempre é tempo, de projetar.

E destaco o projeto de uma princesa para finalizar esse post. Uma princesa que, massacrantemente perseguida pelos fotógrafos, projetou sentar-se ao lado de quem realmente merece atenção. E assim contribuiu de sua forma para mostrar ao mundo que, em Angola e em vários outros países, crianças são mutiladas por explosões de minas anti-pessoais, enterradas em suas cidades em tempos de guerra. As fotos não foram capazes de fazer com que os maiores países produtores dessas minas assinassem o tratado para sua erradicação. Por força do mercado, eles prosseguirão produzindo-as, mas alegam minorar seu impacto e expiar suas trágicas consequências com programas para desativá-las...

Agora, o editorial de imagens com Lady Di.






E Tati, Tati - a garota, dos créditos de abertura que abriram esse post?
Sem querer ser dramática, acho que cabe a todos cuidar de Tati.


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